segunda-feira, 30 de junho de 2008

Alguns Ciscos

"Por que ser apenas mais uma pessoa que nasceu, arranjou emprego, teve filhos e morreu? Isso já foi feito milhares de vezes e continuará. Eu pergunto para que manter essa idéia e ser mais um cisco?"

Este texto é só uma parte do profile de um amigo meu que eu copiei faz muito tempo...Há muito ele já mudou este profile, mas como eu tinha gostado bastande dele eu o salvei.
Na época (mais ou menos dois anos atrás) eu estava bem perdida (ainda estou), não sabia o que estava fazendo da vida, o que eu queria dela ou de mim; mas eu sabia que eu não queria uma vida normal - eu não queria ser mais um cisco.
Hoje eu continuo não sabendo o que eu desejo e espero da vida; continuo perdida neste mar. Mas o pior é que agora eu estou começando a rever alguns valores; agora eu não sei se eu realmente não quero ser mais um cisco... Ora bolas, estes ciscos perseguem este caminho imortal porque eles não conseguem fazer algum outro diferente, ou existe neste caminho algo que realmente valha a pena, e sou eu quem não o enxergo?

...

Eu não sei; as pessoas vivem me dizendo que eu não sou normal, e isto é um elogio e um regozijo para mim. Mas às vezes você vê a felicidade estampada no rosto das pessoas "normais", e você vê o preço que você paga por ser diferente...

Sobre a Culpa

"(...) - disse Fleischman. - Mas o que faço inconscientemente não me interessa, já que é uma coisa sobre a qual não tenho domínio, e portanto pela qual não sou responsável.
(...)
O chefe dirigiu-se de novo a Fleischman: - Se fôssemos responsáveis apenas pelas coisas de que somos conscientes, os imbecis seriam absolvidos antecipadamente de todas as faltas. Acontece, meu caro Fleishman, que o homem é obrigado a saber. O homem é responsável pela própria ignorância. A ignorância é uma falta. Por isso nada pode absorver você de sua falta..."


Uma passagem do livro Risíveis Amores, de Milan Kundera (amo!).
Muito interessante, eu achei. No contexto inteiro então, melhor ainda... (mas se quiser saber direitinho, LEIA!).


Mas e aí?
Somos ou não culpados pelos devaneios de nossa inconsciência??

domingo, 29 de junho de 2008

Ai, ai...

Hoje foi um dia bom.
Conversei com dois amigos meus que eu não conversava há muito tempo...
Recebi um email de um outro amigo meu que há muito tempo eu não tinha notícias...
Minha mãe e minha irmã mostraram que continuam vivas...

E eu, que estava tão triste ontem, agora estou feliz.




Dialética - Vinícius de Moraes

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...



(eu sou um poço de contradição)
Declaração


Se me perguntassem um dia

Quem escolheria, se tu ou a poesia,

Diria com a naturalidade

Que a certeza traz

Que serias tu minha escolha certa


Pois meus versos são fuga

Devaneios efêmeros

De minha própria abstração

Introspectivos retratos

Da matéria que me cerca

E de mim mesma


Tu não,

Não és devaneio esfumarado

Nem representação fugaz

És matéria pura, tátil,

Enredo intrigante, casuloso,

Que meus versos, tão limitados,

Buscam incessantemente traduzir

- E desvendar.
.

[Sem matéria, não existe poesia]
.




(honestamente roubado de http://biprisma.blogspot.com/)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Santa Briony

São 23:14, acabei de assistir ao filme Desejo e Reparação.
Em geral eu não costumo pegar romance ou drama quando eu vou à uma locadora; eu gosto mais dos filmes de ação, terror e suspense. Drama, só quando foi recomendado por alguém ou a história não me parece ser tão melosa; comédia ou comédia-romântica NUNCA!, a não ser que eu esteja acompanhada da minha mãe, irmã, madrasta, etc. Mas hoje eu estou tão down, eu "Ando tão à flor da pele, Qualquer beijo de novela me faz chorar", que resolvi pegar este filme... (não, não chorei - mas foi por pouco) Mas o filme é muito bom, longe de ser daqueles que não tem significado nenhum, que só servem para a gente não pensar em nada.
Sobre a história em si eu não vou falar, qualquer um pode ir no google e procurar a sinopse - e ASSISTA, eu recomendo (tá, pode ser que a minha opnião não valha nada, mas mesmo assim assista). Eu queria só ressaltar a sensibilidade do filme, como cada detalhe da alma dos personagens é exposto, de uma maneira delicada e bela. Não há outra palavra para qualificá-lo; ele é isso, simplismente belo.
A sequência na qual a Briony acaba descobrindo o romance da Cecília e do Robbie, o modo o qual ela fala o nome da sua irmã na biblioteca, e toda a decepção de uma garota de 13 anos e com um universo interior infinito é sublime! E depois, toda a constatação do erro, a vontade vã de reparar o que já foi... O peso sobre si de ter mudado o rumo da história de pessoas que ela amava, condenado suas vidas... Que cena era aquela, Meu Deus!, em que a Briony está com o soldado doente falando em francês! Ou a do casamento!! Bah, eu não vou ficar aqui falando deste filme, ASSISTA!
Mas o contexto é muito mais profundo... Ele nos remete à nossa vida, à nossa história. Uma paixão de adolescente, uma cena que não deveria ter sido vista, uma correspondência violada, umas mentiras inocentes... Tinha a Cecília o direito de culpar a Briony pelo o que aconteceu (se bem que ela não a culpou realmente), ou a Briony penitenciou a sua vida por algo o qual ela era inocente?
Em sua defesa pode-se dizer que ela só tinha treze anos, e não tinha capacidade para entender as consequências dos seus atos. Ela foi levada a acreditar, devido ao acontecido na fonte, à carta e a cena da biblioteca, que Robbie era o culpado... Ela não sabia o que fazia...
Mas pode-se também dizer que ela o acusou por raiva, porque ela tinha uma paixão adolescente por ele e descobriu que ele amava a sua irmã e, assim sendo, sabia sim o que fazia, e deve ser penalisada.
E então? O que ela é para você, inocente ou culpada??
Não, a sua opnião não vai mudar esta história... Mas ela pode mostrar quem você é.

A Respeito da Casualidade

Da Fatalidade Histórica



A bolinha que saiu na loteria

Não saiu porque deveria sair precisamente ela

Mas sim porque uma delas teria de sair,

Não podia deixar de sair!

Moral da História:

Uma coisa - só por ter acontecido -

Não quer dizer que seja lá essas coisas...



(Mário Quintana)







Coisa engraçada esta não... E insana, também.
As coisas não têm razão. A vida, se você pensar bem, não têm razão. O Universo existe e pronto, não porque deveria existir, mas porque aconteceu de ele existir. Se não tivesse acontecido, também não teria razão para não ter acontecido, apenas não teria acontecido e pronto.
É o homem, no final, que complica tudo; é ele quem inventa a necessidade de tudo ter que ter sempre razão. Mas isto é justificável, porque afinal nós queremos crer que estamos aqui por um determinado fim; nós somos uma interessante mistura de sentimento e razão, que faz com que não aceitamos o simples fato de estarmos aqui por mero acaso, simples "superioridade evolutiva", se é que este é o termo mais correto.
Nós amamos nossos pais e nossos filhos simplismente porque aconteceu de nós sermos seus filhos e seus pais; se fossem outras pessoas que não nós filhos de nossos pais ou pais de nossos filhos, eles os amariam também, pelo simples fato de serem estas outras pessoas seus filhos e seus pais, e jamais pensariam em nós e na possibilidade de amar outros filhos e outros pais.
E é a mesma coisa que os nossos amigos e nossos amores: nós os encontramos e eles nos encontraram, e essa união deu certo; mas se nós tivessemos encontrados outras pessoas para chamarmos de amigo e amor, nós os amaríamos também; talvez de outro jeito, de outra forma e intensidade, mas haveríamos de amá-los e sim, conseguiríamos viver sem aqueles que hoje nos são insubstituíveis.
E isto é triste, e é insano, e é imoral; e é tudo isto porque está contra os nossos sentimentos e contra tudo aquilo a que sempre acreditamos. Mas essa verdade (se é que existe verdades e se esta é uma delas) não muda diante de nossa ira e indignação.


'' "Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão. ''
(O guardador de Rebanhos, V - Alberto Caeiro)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O que eu mais gosto deste blog é que eu posso colocar aqui pensamentos que me ocorrem ou que ocorreram a outros autores e eu gostei, sempre respeitando os royalts (hehe) de cada um, é claro.
Eu terminei de ler recentemente "O Livro do Riso e do Esquecimento", de Milan Kundera. (Nossa, cada vez que eu leio Kundera eu me surpreendo; é incrível a sensibilidade que ele possui para falar sobre pessoas!)
Neste livro tem várias passagens interessantes, mas tem uma que eu quero eternizar aqui:


"Se ele queria apagá-la das fotografias de sua vida, não era porque não a amava, mas sim porque a tinha amado. Ele a apagara, a ela e a seu amor por ela, raspara a imagem dela até fazê-la desaparecer, como o departamento de propaganda do partido fizera desaparecer Clementis da sacada de onde Gottwald havia pronunciado seu histórico discurso. Mirek reescreveu a História exatamente como o partido comunista, como todos os partidos políticos, como todos os povos, como o homem. Gritamos que queremos moldar um futuro melhor, mas não é verdade. O futuro nada mais é do que um vazio indiferente que não interessa a ninguém, mas o passado é cheio de vida e seu rosto irrita, revolta, fere, a ponto de querermos destruí-lo ou pintá-lo de novo. Só queremos ser mestres do futuro para podermos mudarmos o passado. Lutamos para ter acesso aos laboratórios onde se pode retocar as fotos e reescrever as biografias e a História."

quarta-feira, 25 de junho de 2008

MAL SECRETO

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto que estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez exite,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!


Raimundo Correia


Este poema eu vi ontem na aula. Gostei dele, mas me surpreendeu que ele fosse parnasiano.
Eu tinha um certo preconceito contra o parnasianismo; o único poema que eu tinha lido desta escola literária era o que o professor passou no quadro negro, "Profissão de Fé", do Olavo Bilac - na verdade, eu pensei que era um poeminha pequeno, de quatro versos apenas (acabei de descobrir que não... =P ). Não me agradava a idéia de "Arte pela Arte", mas o que eu achava pior era o fato de os parnasianos preferirem a forma (isto é, a beleza estética) do que o conteúdo!!!! Achava que esses poemas eram os poemas "pops" da literatura - tipo essas pessoas que ficam fazendo uma estranha dança do acasalamento, em mínimas vestuárias, e que infestam a MTV, ou escrevem (será que sabem escrever?), enfim, cantam letras de "música" muito "profundas", como "I take you to the candy shop, I'll let you lick the lollypop".
Enfim, ontem eu acabei descobrindo que não, e agora eu vou correr atrás e tentar conhecer mais sobre eles.

Ó maldito ser humano, com seus preconceitos e sua hipocrisia!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Releitura

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom afro-decendente e o bom caucasiano
Da Confusão Brasileira
Dizem todos os dias
Ih meu fala serio
Mi dah um ciga aih



hewuhehaweuiheaweu

sexta-feira, 20 de junho de 2008

...

Era uma vez uma casinha verde,
onde era tudo verde:
janela verde,
porta verde,
chão verde.
Aí chegou um homenzinho verde e tocou a campainha verde:
"Green, green"
Então saiu um homenzinho azul e disse:
"opa, acho que estou na historinha errada!"