quarta-feira, 25 de junho de 2008

MAL SECRETO

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto que estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez exite,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!


Raimundo Correia


Este poema eu vi ontem na aula. Gostei dele, mas me surpreendeu que ele fosse parnasiano.
Eu tinha um certo preconceito contra o parnasianismo; o único poema que eu tinha lido desta escola literária era o que o professor passou no quadro negro, "Profissão de Fé", do Olavo Bilac - na verdade, eu pensei que era um poeminha pequeno, de quatro versos apenas (acabei de descobrir que não... =P ). Não me agradava a idéia de "Arte pela Arte", mas o que eu achava pior era o fato de os parnasianos preferirem a forma (isto é, a beleza estética) do que o conteúdo!!!! Achava que esses poemas eram os poemas "pops" da literatura - tipo essas pessoas que ficam fazendo uma estranha dança do acasalamento, em mínimas vestuárias, e que infestam a MTV, ou escrevem (será que sabem escrever?), enfim, cantam letras de "música" muito "profundas", como "I take you to the candy shop, I'll let you lick the lollypop".
Enfim, ontem eu acabei descobrindo que não, e agora eu vou correr atrás e tentar conhecer mais sobre eles.

Ó maldito ser humano, com seus preconceitos e sua hipocrisia!