quinta-feira, 26 de junho de 2008

O que eu mais gosto deste blog é que eu posso colocar aqui pensamentos que me ocorrem ou que ocorreram a outros autores e eu gostei, sempre respeitando os royalts (hehe) de cada um, é claro.
Eu terminei de ler recentemente "O Livro do Riso e do Esquecimento", de Milan Kundera. (Nossa, cada vez que eu leio Kundera eu me surpreendo; é incrível a sensibilidade que ele possui para falar sobre pessoas!)
Neste livro tem várias passagens interessantes, mas tem uma que eu quero eternizar aqui:


"Se ele queria apagá-la das fotografias de sua vida, não era porque não a amava, mas sim porque a tinha amado. Ele a apagara, a ela e a seu amor por ela, raspara a imagem dela até fazê-la desaparecer, como o departamento de propaganda do partido fizera desaparecer Clementis da sacada de onde Gottwald havia pronunciado seu histórico discurso. Mirek reescreveu a História exatamente como o partido comunista, como todos os partidos políticos, como todos os povos, como o homem. Gritamos que queremos moldar um futuro melhor, mas não é verdade. O futuro nada mais é do que um vazio indiferente que não interessa a ninguém, mas o passado é cheio de vida e seu rosto irrita, revolta, fere, a ponto de querermos destruí-lo ou pintá-lo de novo. Só queremos ser mestres do futuro para podermos mudarmos o passado. Lutamos para ter acesso aos laboratórios onde se pode retocar as fotos e reescrever as biografias e a História."