sábado, 10 de julho de 2010

O menino do pijama listrado

“Já fazia meses que Bruno olhava pela janela do quarto para o jardim e para o banco com a placa, para a cerca alta e os postes telegráficos de madeira e todas as outras coisas sobre as quais ele havia contado para a avó em sua mais recente carta. E apesar de ter observado tantas vezes as pessoas diferentes nos seus pijamas listrados, jamais lhe ocorrera perguntar-se do que se tratava, afinal.
Era como se fosse completamente outra cidade, todas aquelas pessoas morando e trabalhando bem ao lado da casa que ele vivia. E será que eram mesmo tão diferentes? Todos no campo usavam as mesmas roupas, aqueles pijamas com os bonés de pano também listrados; e todos que passavam pela sua casa (exceção feita à mãe, Gretel e a ele próprio) vestiam uniformes de variadas qualidades e graus de condecoração e quepes e capacetes com grandes braçadeiras vermelhas e negras e traziam armas e estavam sempre com o semblante terrivelmente severo, como se tudo aquilo fosse muito importante e ninguém pudesse pensar diferente.
Qual era a diferença, exatamente?, ele se perguntou. E quem decidia quem usava os pijamas e quem usava os uniformes?”


Eu acabei de ler “O menino do pijama listrado”, de John Boyne.
O livro é realmente extraordinário.
Eu peguei ele emprestado da Manu no começo do ano, mas acabei me enrolando para lê-lo (essa Engenharia, viu!). É um livro de leitura realmente fácil, como a Manu já havia dito; você o lê rapidinho, depois que começa. É curtinho, não tem nem 200 páginas – mas é maravilhoso!
A história é sobre um garoto alemão, Bruno, de nove anos. Se passa em 1943, durante a segunda guerra. O interessante é que toda a narrativa é escrita na visão do garoto, apesar de o narrador ser em terceira pessoa. No começo eu estava achando meio chatinho e infantil, mas é o estilo do livro, mesmo. E não é nem um pouco infantil.
Ele mostra o nazismo de um prisma diferente. Bruno não está entendendo o que está acontecendo, apenas as coisas estão mudando, e ele está sendo levado por estas mudanças.
A dor do nazismo está de uma forma implícita, inocente, colocada a partir da visão de um garoto.
E fala da amizade. Do compartilhamento de experiências. Do compartilhamento de dúvidas. De coincidências. De como duas vidas, que tem tanto em comum, são tão diferentes.
Surpreendente. Mesmo.
Recomendo.