quarta-feira, 9 de julho de 2008

(Pensamento roubado de um profile do orkut)

Não trate com prioridade quem te trata como opção.
Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...




João e Maria

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?




O primeiro texto é um poema que foi escrito em meados do fim do séc XIX e início do séc XX, por Alphonsus de Guimaraens, um poeta simbolista brasileiro. Já o segundo é a letra de uma música escrita em 1977 de Chico Buarque de Hollanda, um grande cantor e compositor, também brasileiro, e que eu admiro.
Eu coloquei ambos aí encima porque as duas poesias (pois eu considero esta canção uma poesia) são singulares para mim; são singelas, delicadas; nos evoca o inocente, o puro, a ausência do real e da maldade. É impossível não sentir-se criança ao ouvir João e Maria; não esboçar um sorriso ao imaginar um lugar onde se é obrigado a ser feliz, um lugar onde os sonhos acontecem e a gente é sempre herói - ou mocinha, eperando ser salva.
Assim como é impossível não simpatizar com Ismália, e junto a ela querer ganhar asas, e voar em direção a seus sonhos.