sábado, 7 de maio de 2011

Pense:

quando foi a última vez que você cantou de olhos fechados? Cantou de olhos bem fechados, com um sorriso largo no rosto?
Eu cantei agora. Me entreguei assim, depois de tanto tempo.
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Eu sou pedra. Rocha.
Parada.
Fico o tempo todo no mesmo lugar. A vida vai, e eu continuo aqui. Eu absorvo tudo aquilo que por mim passa: o calor do sol, a umidade da chuva, o gosto dos ventos; tudo isso me transforma, transforma a visão que eu tenho do mundo. Entretanto, eu continuo a mesma na paisagem.
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Eu não retorno nada ao mundo. Sou pedra, e trago o mundo dentro de mim. Mas eu não modifico o mundo, pois continuo sempre a ser paisagem.
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Não quero mais ser pedra. Não quero mais viver mil anos. Não me contento mais em apenas observar. Eu quero transformar. Quero por para fora tudo aquilo que eu já vi. Tudo aquilo que eu penso.
Eu quero chorar, me debulhar em lágrimas, quero morrer.
Quero rir como se não houvesse mais ninguém no mundo a me olhar.
Quero dizer tudo o que eu penso, sem me preocupar em quem eu posso magoar.
Quero escolher a quem amar e ser fiel a mim mesma.
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Superação. Eu preciso de superação.
Preciso parar de segurar minhas lágrimas, meu riso, meus pensamentos. Parar de calar meu canto por medo do ridículo. Preciso amar e, o mais essencial, preciso mostrar ao mundo o meu amor.
Preciso fechar os olhos e gritar. Gritar até ficar sem voz, até fazer minha dor sair com o meu grito.
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Não, eu não quero mais ser paisagem. Quero ser personagem principal, quero chorar de dor, quero morrer de amor, quero parar de arranjar desculpas para disfarçar os meus medos.
Mas eu quero, mais do que tudo, respirar.