terça-feira, 5 de agosto de 2008

Fragmentos

Eu adoro física.
E eu adoro comparar leis físicas com leis humanas.

Atrito é a resistência natural que uma superfície faz contrária ao movimento de um corpo sobre aquela superfície. Ele acontece porque toda superfície é composta de matéria, e toda matéria é composta de átomos, e os átomos não estão dispostos em um único plano (matematicamente falando). Na superfície da superfície (:D) existem rugosidades (deformações existendes devido à disposição dos átomos) e são estas rugosidades que proporcionam o atrito (o que é incômodo, em certos casos, mas que, se não existisse, a vida na Terra seria um pouquinho mais complicada...).

Todo corpo em movimento tente a ficar em movimento, e todo corpo em repouso tende a ficar em repouso.
É a lei da Inércia.

Existem dois tipos de atrito: estático e dinâmico.
Atrito estático é a resistência que a superfície exerce sobre um corpo para tirá-lo do repouso e colocá-lo em movimento; isto é, tirá-lo do estado de inércia.
Atrito dinâmico é a resistência que existe contrária ao corpo quando ele já está em movimento.

Como tudo tende a ficar do jeito que está, o valor do atrito estático para determinada superfície sempre vai ser maior do que o atrito dinâmico para a mesma superfície - o sistema quer continuar naquele estado de inércia. Só que, uma vez colocado um corpo em movimento, fica muito mais fácil deixá-lo em movimento; mais uma vez o sistema quer continuar do jeito que está.

Quando eu era pequena, eu queria ser escritora. Eu adorava ler, minha imaginação viajava, e eu queria contar as histórias que eu tinha na minha imaginação para todo mundo.
Só que eu cresci, e acabei ficando na inércia. Havia tantas forças contrárias ao meu desejo de ser escritora que eu acabei me esquecendo deste sonho.
Me encantei pela matemática, me encantei pela física, me encantei pela filosofia.
Mas eu nunca deixei de imaginar, de viajar.

Às vezes eu deitava no sofá de casa e fechava os olhos. Minha mãe, minha irmã, meu irmão, todo mundo falava pra eu ir dormir na cama. Então eu respondia que eu não estava dormindo, que estava pensando. No começo eles riam, depois de um tempo eles começaram a ficar bravos, até que virou um chavão.
(até hoje, quando eu estou com eles, eles citam este "estou pensando")
Mas era verdade; eu fechava os olhos e começava a viajar. Eu criava mil histórias diferentes em minha cabeça, uma mais impossível do que a outra.
(ok, eu admito que ÀS VEZES eu acabava dormindo - mas mesmo assim não se pode dizer que era perda de tempo, pois eu sempre sonhava quando eu dormia ;D)

Só que eu nunca gostava das minhas obras quando eu passava elas para o papel. Na minha cabeça as histórias eram muito mais legais, faziam muito mais sentido; já no papel, não.

No começo eu escrevia as minhas histórias e mostrava para as todo mundo.
Depois eu parei de mostrar para as pessoas; apenas escrevia e guardava, escondido, para mim mesma (com aquela vã esperança de que algum dia aquilo fizesse, talvez, sentido).
E então chegou o dia em que eu nem escrevia mais.

E a vida continuou.

Este ano eu tive que voltar a escrever, por causa do vestibular.
Depois de anos eu me vi tendo que passar para o papel aquilo que eu tinha na minha cabeça.
E junto veio, muito mais forte que dantes, esta vontade de escrever, escrever, escrever.
E aconteceu de um texto meu ser publicado jornal do colégio (quem quiser pode dizer: ''Ah, jornal do colégio! Que podre!'', mas para mim foi uma sensação maravilhosa).
E a vontade triplicou.

E então eu criei este blog.
Se não desse certo, era só eu não mostrar pra ninguém, ninguém ia saber. Eu ia deletá-lo e pronto.
Mas eu gostei de tê-lo.

E o nome dele é Fragmentos porque eu não estou confiante o suficiente para colocar apenas coisas que eu escrevo aqui, mas sim coisas que outras pessoas escreveram.
Ou não estava.

Mas quer saber?
Acho que eu já superei a fase do atrito estático.

Moacyr Scliar

Está rolando até dia 10 aqui em Foz a Feira Internacional do Livro.

Ontem teve, neste evento, um bate papo com o Moacyr Scliar. Pra quem nunca ouviu falar dele, ele natural de Porto Alegre; médico e professor; membro da Academia Brasileira de Letras; escreve crônicas, romances, contos; possui mais de 80 livros publicados; possui um espaço toda segunda feira na Folha de São Paulo (se não me engano).

Mas o mais incrível é que tudo isso não é ele. Ele não se porta como um Professor Doutor Imortal Fodástico Senhor Arrogante.
Ele se porta como um simples ser humano.
Simples. E humano.

Eu fiquei encantada! O bate papo que rolou com ele foi show!
O "cara" é muito divertido, super gente boa; ele conversa com nós - reles "mortais"- como se estivéssemos em um bar, tomando umas.
Adorei ele! Virei fã!

(Ok, eu preciso confessar. Até ontem eu não tinha lido nenhuma obra dele - o que é compreensível, pois eu li poucas obras brasileiras. Defeito meu, eu sei, estou tentando corrigir.)