domingo, 9 de junho de 2013

Laranja Mecânica, de Anthony Burgess

Sabe que, relendo as páginas que eu separei para passar aqui pro blog, me deu uma vontade imensa de lê-lo outra vez. Nossa! O livro é ótimo! Claro, era de se esperar, uma vez que o filme já é maravilhoso por si, e geralmente os livros são melhores do que os filmes.
Enfim, o livro é muito bom e recomendo. É uma ficção com muita ultraviolência, um vocabulário diferente, além da velha questão filosófica do direito do livre arbítrio e tals. Mas o mais surpreendente foi o último capítulo, que não tem no filme, e dá um sentido totalmente novo ao contexto da história. Eu não vou colocar aqui, claro; quem quiser saber, leia. :D
Ah! Dica: eu li a quarta reimpressão, de 2008. Nela tem um prefácio bem interessante sobre o Burgues e sobre o livro, que explica a disposição dos capítulos ao longo do livro. É genia!
Então, o que é que vai ser, hein?

***ALERTA: Se você ainda não viu o filme, ou leu o livro, os trechos a seguir podem conter spoilers!***

"Foi aí que o bom e velho Tosko pegou a deixa e sorriu, fazendo er er er e ha ha ha para a boca balbuciante daquele vek, crac crac, primeiro o punho esquerdo depois o direito, para que nosso querido e velho drugui, o tinto - vinho tinto de mesa e igual em todos os lugares, como se tivesse sido fabricado pela mesma empresa - começasse a derramar e a manchar o pelo tapete limpo e os pedacinhos do livro que eu ainda estava rasgando, rasgaraz rasgaraz."

"- (...) Ah, ninguém pode provar nada sobre ninguém, como sempre. Mas estou avisando, você, jovem Alex, estou sendo um bom amigo como sempre fui, o único homem nesta comunidade doente e maltratada que quer salvar você de si mesmo.
- Eu aprecio muito tudo isso, senhor - eu disse. - Com muita sinceridade.
- Ah, sim, aprecia, não é? - ele meio que debochou. - Fique esperto, é isso. Sabemos mais do que você pensa, jovem Alex. - Então ele disse, com uma goloz de grande sofrimento, mas ainda balançando: - O que é que dá em vocês todos? Nós estudamos o problema e já estamos estudando há quase um século, sim, mas os estudos não estão nos levando muito longe. Você tem uma bela casa aqui, bons pais que te amam, você não tem um cérebro lá tão ruim. É algum diabo que entra dentro de você?
- Dentro de mim não entra nada não senhor - disse eu. - Tenho estado fora das rukas dos miliquinhas já faz muito tempo.
- É justamente isso que me preocupa - suspirou P. R. Deltoid."


"Mas, irmãos, esse negócio de ficar roendo as unhas dos dedos do pé sobre qual é a cauda da maldade é que me torna um maltchik risonho. Eles não procuram saber qual a causa da bondade, então por que ir à outra loja? Se os plebeus são bons é porque eles gostam e eu jamais iria interferir com seus prazeres, e o mesmo vale para a outra loja. E eu frequento a outra loja. E mais: maldade vem de dentro, do eu, de mim ou de você totalmente odinokis, e esse eu é criado pelo velho Bog ou Deus, e é seu grande orgulho e radóstia. Mas o não-eu não pode ter o mau, quer dizer, eles lá do governo e os juízes e as escolas não conseguem permitir o mau porque não conseguem permitir o eu. E não é a nossa história moderna, meus irmãos, a história dos bravos eus malenks combatendo essas grandes máquinas? Estou falando sério sobre isso com vocês, irmãos. Mas eu faço o que eu faço porque gosto de fazer."

"E então, antes que ele me dissesse, eu já sabia o que era. A ptitsa velha que tinha todos aqueles kots e koshkas havia ido desta para melhor num dos hospitais da cidade. Parece que eu a havia espancado forte demais. Ora, ora, isso era tudo. Pensei em todos aqueles kots e koshkas miando pedindo moloko mas sem ganhar nenhum, nunca mais, daquela forela starre que era a dona deles. Isso era tudo. Eu estava condenado. E só tinha quinze anos."

"- Ah, será bom ser bom, senhor. - Mas por dentro eu estava smekando muito horrorshow, irmãos. Ele disse:
- Pode não ser bom ser bom, pequeno 6655321. Ser bom pode ser horrível. E quando digo isso a você percebo o quão contraditório isso soa. Eu sei que perderei muitas noites de sono por causa disso. O que Deus quer? Será que Deus quer insensibilidade ou a escolha da bondade? Será que um homem que escolhe um mal é talvez melhor do que um homem que teve o bem imposto a si? Questões difíceis, pequeno 6655321. Mas tudo o que eu quero dizer a você agora é isto: se em algum momento no futuro você olhar para esta época e se lembrar de mim, o mais desprezível e humilde de todos os servos de Deus, rogo a você, não pense mal de mim em teu coração, imaginando que estou de alguma maneira envolvido no que está para acontecer a você agora. E, falando a rogar, percebo que não há muito por que rezar por você. Você está passando agora para uma região onde estará além do alcance do poder da oração. Uma coisa terrível, terrível de se pensar. E mesmo assim, sob um certo ponto de vista, ao escolher ser privado da capacidade de fazer uma escolha ética, você de certa forma escolheu o bem. Gostaria de crer nisso. Então, que Deus ajude a todos, 6655321. Assim eu gostaria de pensar."

"- Chega, assim já está bom. - Então aquele vek horrível tipo assim se curvou e saiu dançando feito um ator enquanto as luzes se acendiam e eu ficava piscando com a rot aberta uivando. O Dr. Brodsky disse para a platéia: - Nossa cobaia é, como vocês estão vendo, impelida para o bem, paradoxalmente, por ser impelida na direção do mal. A intenção de agir de modo violento é acompanhada por fortes sensações de mal estar físico. Para contrabalancear isso, a cobaia precisa mudar para uma atitude diametralmente oposta. Alguma pergunta?
- Escolha - resmungou uma goloz rica e profunda. - Ele não tem nenhuma escolha, tem? A preocupação consigo mesmo, o medo da dor física, o levaram a esse ato grotesco de autodepreciação. Sua sinceridade estava clara. Ele deixa de ser um malfeitor. Ele também deixa de ser uma criatura capaz de escolha moral.
- Isso são sutilezas - o Dr. Brodsky meio que sorriu. - Não estamos preocupados com o motivo, com uma ética superior. Estamos preocupados apenas em reduzir os crimes...
- E - interrompeu aquele Ministro bolshi bem-vestido - com a redução da assustadora superlotação de nossos presídios.
- Apoiado - disse alguém.
Então muito se govoretou e se argumentou e eu simplesmente fiquei ali parado, irmãos, tipo assim completamente ignorado por todos aqueles bratchnis ignorantes, então krikei:
- Eu, eu, eu. E eu? Onde é que eu entro nisso tudo? Será que eu sou apenas uma espécie de animal ou cão? - E isso fez com que eles começassem a govoretar ainda mais alto e lançar slovos para mim. Então eu kreikei mais alto, ainda krikando: - Será que eu serei apenas uma laranja mecânica?"

domingo, 26 de maio de 2013

Factótum

Bukowski, de novo. Enquanto em "Misto Quente" ele conta de sua infância e início da vida aduta, em "Factótum" ele conta alguns pedaços de sua vida lá pelos vinte e tanto, trinta anos. A constante tristeza e solidão nas entrelinhas (e as vezes muito mais explícito) são as mesmas. Cada vez que eu leio, parece que o dia torna-se mais frio e cinzento. E em "Mulheres", quando ele narra a vida depois dos quarenta, quando o seu sucesso como escritor começa a consolidar, há mais solidão e solidão e solidão. É um livro extremamente triste, e cru. Seco, talvez. Ele é o que é, bebe, fuma, caga, trepa, apanha, e acho que essa maneira de expor-se é o que mais envolve. Resumindo: recomendo. Um dos meus autores favoritos.
(Ah! Preciso dar os créditos para a Marielli, ela que me indicou e emprestou os livros!)



"Deitei na cama, abri a garrafa, dobrei o travesseiro nas costas para ter um bom apoio, respirei fundo e sentei na escuridão olhando a janela. Era a primeira vez que eu estava sozinho em cinco dias. Eu era um homem que se fortalecia na solidão; ela era para mim a comida e a água dos outros homens. Cada dia sem solidão me enfraquecia. A escuridão do quarto era como um dia ensolarado para mim."

"O problema, naqueles dias de guerra, eram as horas extras. Aqueles que estavam no comando sempre preferiam sobrecarregar uns poucos homens de modo contínuo a contratar mais pessoas para que todos pudessem trabalhar um pouco menos. Você dava a seu chefe oito horas, e ele sempre pedia por mais. Ele nunca lhe mandava para casa depois de seis horas, por exemplo. Isso daria tempo a você para que pensasse."

"Quando voltei para Los Angeles, encontrei um hotel barato nas imediações do Hoover Street e fiquei na cama e bebi. Bebi por algum tempo, três ou quatro dias. Não conseguia achar disposição para ler os classificados. A ideia de me sentar diante de um homem e sua mesa e lhe dizer que eu queria um trabalho, que eu tinha as qualificações necessárias, era demais para mim. Francamente, eu estava horrorizado diante da vida, o que um homem precisava fazer para comer, dormir, manter-se vestido. Então fiquei na cama enchendo a cara. Quando você bebe, o mundo continua lá fora, mas por um momento era como se ele não o trouxesse preso pela garganta."

"- Ontem ficamos o dia inteiro aqui. E de noite também. Você me falou de seus pais, que seus pais odiavam você. Certo?
- Certo.
- Por isso você é assim meio louco. Não teve amor. Todo mundo precisa ser amado. Isso arruinou com você.
- As pessoas não precisam de amor. Precisam é de sucesso, de uma forma ou de outra. Pode ser que seja no amor, mas não necessariamente."

"Para cada Joana D' Arc há um Hitler suspenso do outro lado da balança."

O homem da empresa de freios me conduziu através de uma escada estreita. Seu nome era George Henley. George me mostrou minha sala de trabalho, bastante diminuta, escura, iluminada apenas por um bico de luz e uma janelinha que dava para o beco.
- Bem - ele disse -, ali estão as caixas. Você põe as pastilhas de freio dentro das caixas. Dessa maneira.
O sr. Henley me mostrou como fazer.
- Temos três tipo de caixa, cada uma com sua impressão própria. Uma caixa é para nossa 'Pastilha de Freio Super Durável'. A outra é para nossa 'Super Pastilha de Freio'. E a terceira é para a nossa 'Pastilha de Freio Comum'. As pastilhas estão armazenadas bem aqui.
- Mas elas me parecem todas iguais. Como posso diferenciar umas das outras?
- Não é preciso. Elas são todas iguais. Apenas divida tudo em três partes."

"A chamada continuava. Eu achava bacana que houvesse tantas vagas de trabalho, embora isso também me preocupasse - provavelmente seríamos lançados uns contra os outros de alguma maneira. A lei do mais forte. Sempre havia homens a procura de empregos na América, sempre essa oferta de corpos exploráveis. E eu queria ser escritor. Quase todos eram escritores. Nem todos acreditavam que podiam ser dentistas ou mecânico de automóveis, mas todos tinham a impressão de que podiam ser escritores. Daqueles cinquenta caras ali na sala, provavelmente quinze consideravam-se escritores. Mas a grande maioria dos homens, afortunadamente, não é composta de escritores ou mesmo de taxistas, e alguns homens - muitos homens -, infelizmente, não são nada."

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Misto Quente

Bukowski, sempre ótima opção.

"- Este é o Henry Jr?
- Sim.
- Ele só fica olhando. É tão quietinho.
- É assim que queremos que ele seja.
- As águas paradas são as que têm maior profundidade."

"Minha mãe estava lendo o bilhete. Logo a ouvi chorar. E depois começaram as lamentações.
- Oh, meu Deus! Você desgraçou o seu pai e a mim! É uma desgraça. Imagine se os vizinhos descobrirem? O que vão pensar?
Eles jamais falavam com seus vizinhos."

"O aparelho emitia um zumbido. Era tranquilo. O som provavelmente era produzido pelo timer, ou pelo refletor de metal na lâmpada de aquecimento. Era reconfortante e relaxante, mas quando comecei a pensar no que aquilo significava, cheguei a conclusão de que tudo o que estavam fazendo por mim era inútil. Percebi que na melhor das hipóteses as agulhas me deixariam com cicatrizes pelo resto da vida. Isto era realmente terrível, mas não era a minha principal fonte de preocupação. O que eu tinha em mente era o fato de que eles não sabiam o que fazer comigo. Podia sentir isso quando eles discutiam e no modo como atuavam. Hesitavam, sentiam-se desconfortáveis, muitas vezes profundamente desinteressados e aborrecidos. Por fim, não importava o que iriam fazer. Eles apenas tinham que fazer algo - qualquer coisa -, pois não fazer nada seria uma atitude antiprofissional."

"Uma vez voltei com ele para casa e descobri como ele conseguia seus "A's". A mãe o obrigava a enfiar o nariz num livro assim que ele chegava e ela o mantinha ali. Ela o fazia ler os livros didáticos, um após o outro, página por página.
- Ele precisa passar nos exames - ela me disse.
Nunca ocorreu a ela que talvez os livros estivessem errados. Ou que talvez isso não tivesse a menor importância. Contudo, nada lhe perguntei."

"- O que há de errado com seu amigo? - perguntou uma das garotas que tentava cobrir o rabo.
Jim disse:
- Ele é estranho.
- O que há de errado com ele? - ela voltou a perguntar.
- Ele só é estranho - respondeu Jim.
Ele se levantou e afastou, acompanhado pelas garotas. Fechei meus olhos e fiquei escutando as ondas. Milhares de peixes mar adentro, devorando uns aos outros. Infinitas bocas e infinitos cus, engolindo e cagando. A Terra inteira não era nada além de bocas e cus engolindo e cagando e fodendo."

"O R.O.T.C. me manteve afastado dos esportes que os outros caras praticavam diariamente. Eles formavam as equipes das escolas, recebiam suas cartas de recomendação e conquistavam as garotas. Meus dias eram gastos, em sua maior parte, marchando em círculos debaixo do sol. Tudo o que você conseguia ver era a parte de trás das orelhas de um cara e sua bunda. Rapidamente me desencantei com os procedimentos militares. Os outros mantinham seus sapatos lustrados e pareciam participar da manobras com gosto. Eu não conseguia encontrar nenhum sentido nisso. Eles estavam apenas sendo postos em ordem para mais tarde terem as bolas estouradas. Por outro lado, não conseguia me ver agachado usando um capacete de futebol, as obreiras no lugar, todo enfeitado com branco e azul, número 69, tentando bloquear algum filho-da-puta mal-intencionado vindo do outro lado da cidade, tentando afastar algum brutamontes com bafo de tacos para que o filho de algum advogado do bairro pudesse avançar uns seis metros sem ser derrubado. O problema era que você precisava ficar constantemente escolhendo entre uma opção horrível e outra pavorosa, e, independente da sua escolha, eles cortavam mais um pedaço da sua carne, até que não sobrasse mais nada para descarnar. Por volta dos 25 anos, a maioria das pessoas estava liquidada. Uma maldita nação inteira de desgraçados dirigindo carros, comento, tendo bebês, fazendo todas as coisas da pior maneira possível, como votar em candidatos à presidência que os fizessem lembrar de si mesmos."

"Caminhando para casa, eu carregava a medalha no bolso. Quem era o coronel Sussex? Apenais mais um cara que tinha que cagar como todos nós. Todos tinham que agir dentro dos conformes, adaptar-se a um molde. Médico, advogado, soldado - não importava qual fosse a escolha. Uma vez dentro do molde, só restava seguir em frente. Sussex estava tão desprotegido como qualquer outro."

"Finalmente chegou o dia do Baile de Formatura. Foi realizado no ginásio feminino com música ao vivo, uma banda de verdade. Não sei bem por que, mas andei até lá naquela noite, os quatro quilômetros que separavam a escola da casa dos meus pais. Fiquei do lado de fora, no escuro, olhando para o baile, através das janelas gradeadas, completamente admirado. Todas as garotas pareciam extremamente crescidas, imponentes, adoráveis, trajando vestidos longos, e todas exalando beleza. Quase não as reconheci. E os garotos em seus smokings estavam muito bem, dançavam com perfeição, cada qual segurando uma garota nos braços, seus rostos pressionados contra os cabelos delas. Todos dançavam com extrema graça, e a música vinha alta e límpida e boa, potente.
Então vislumbrei o reflexo do meu rosto a admirá-los - marcados por espinhas e cicatrizes, minha camisa surrada. Eu era como uma fera da selva atraída pela luz, olhando para dentro. Por que eu tinha vindo? Sentia-me mal. Mas continuava assistindo a tudo. A dança terminou. Houve uma pausa. Os casais trocavam palavras com facilidade. Era algo natural e civilizado. Onde eles tinham aprendido a conversar e a dançar? Eu não podia conversar ou dançar. Todo mundo sabia alguma coisa que eu desconhecia. As garotas eram tão lindas; os rapazes, tão elegantes. Eu ficaria aterrorizado só de olhar para uma daquelas garotas, o que dizer ficar sozinho em sua companhia. Mirá-la nos olhos ou dançar com ela estaria além das minhas forças.
E ainda assim eu tinha consciência de que o que via não era tão simples em tão bonito como aparentava ser. Havia um preço a ser pago por aquilo tudo, uma falsidade generalizada na qual facilmente se poderia acreditar e que poderia ser o primeiro passo para um beco sem saída. A banda voltou a tocar e as garotas e os garotos recomeçaram a dança, e as luzes sobre suas cabeças giravam, lançando sobre os casais reflexos dourados. Enquanto eu os observava, dizia para mim mesmo que um dia minha dança iria começar. Quando este dia chegasse teria alguma coisa que eles não tem.
De repente, contudo, aquilo se tornou demais para mim Eu os odiei. Odiei sua beleza, sua juventude sem problemas e, enquanto os via dançar por entre o mar de luzes mágicas e coloridas, abraçados uns aos outros, sentindo-se tão bem, pequenas crianças ilesas, desfrutando de sua sorte temporária, odiei-os por terem algo que eu ainda não tinha, e disse para mim mesmo, algum dia serei tão feliz quanto vocês, esperem para ver."

"- Você não pode culpá-los por serem ricos - disse Jimmy.
- Não, eu culpo os fodidos dos seus pais.
- E os avós deles - disse Jimmy.
- Sim, ficaria feliz em tomar seus carros novos e suas namoradas bonitas e cagaria para coisas como justiça social.
- É - disse Jimmy. - Acho que o único momento em que as pessoas pensam em injustiça social é quando acontece com elas."

"Incomodava-me o fato de que considerassem que suas posições valessem tanto assim. Talvez, se eu fosse um vendedor, me sentisse da mesma maneira. Eu não dava muita bola para os funcionários di estoque. Nem para os vendedores.
Agora, pensei, empurrando meu carrinho, tenho esse emprego. É assim que as coisas devem ser? Não é de espantar que homens assaltem bancos. Há muitos trabalhos por demais aviltantes. Por que, diabos, eu não era um juiz de uma corte superior ou um pianista de concerto? Porque isso exigia treinamento e treinamento custava dinheiro. Mas, de qualquer forma, eu não queria ser nada na vida. E nisso, certamente, eu estava sendo bem-sucedido.
Empurrei meu carrinho até o elevador e apertei o botão.
As mulheres queriam homens que ganhassem dinheiro, as mulheres queriam homens de estirpe. Quantas mulheres de classe viviam com vagabundos de cortiço? Bem, eu não queria uma mulher mesmo. Não para viver junto comigo. Como os homens podiam viver com mulheres? O que isso significava? O que eu queria era uma caverna no Colorado com um estoque de comida e bebida por três anos. Limparia minha bunda com areia. Qualquer coisa, qualquer coisa que me salvasse do afogamento desta existência trivial, covarde e estúpida."

"Era uma noite de dezembro, um sábado. Estava no meu quarto e tinha bebido mais do que o de costume, acendendo um cigarro no outro, pensando nas garotas e na cidade e nos empregos e nos anos que ainda viriam. Olhando para o devir, eu gostava muito pouco do que eu via. Eu não era um misantropo ou um misógino, mas gostava de estar sozinho. Era bom estar solitário num lugarzinho, sentado, fumando e bebendo. Sempre tinha sido uma boa companhia para mim mesmo."

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Pensamentos.

São nestas noites, de bera leve e música boa, que me vem as melhores ideias do mundo. Elas, infelizmente, passam, como passam as bebedeiras e as ressacas. E o meu mundo continua o mesmo.


Every now and then I get a little bit nervous that the best of all the years have gone by.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Estórias.

Acho que esta história de blog está cada vez mais ultrapassada. Assim como esta história de não haver mais estórias. Eu me lembro quando a professora me explicou a diferença entre história e estória, e logo após a estória foi proibida em meu vocabulário. Eu me lembro, foi triste. Tão triste quando, logo depois de eu aprender a dirigir e a trocar as marchas, o meu pai comprou um carro automático. O carro, felizmente, não durou muito - mas a estória nunca mais voltou.

sexta-feira, 8 de março de 2013

"Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você." (Sartre)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Mais listas...

Filmes:

Meu país (brasileiro, com Rodrigo Santoro, Cauã Reymond e Débora Falabella)
O método perigoso
Amores brutos
Irreversível
A separação
Paris, Texas (Wim Wenders)
Sonhos de um sedutor (Woody Allen)
Incêndios (canadense)
Sem limites
Caminhos da liberdade (Gulag)
Falsa loira (brasileiro)
A deriva (brasileiro)
Confiar (Clive Owen)
Biutiful
Age of inocense
Bons costumes (cancan - Jessica Biel)
O contato
Casablanca
Cidadão Kane
Não estou lá (Bob Dilan)

Livros:
Os miseráveis
Anna Karenina
Os irmãos Karamazov
Duas gerações (Steinbeck)
Infiel (Ayaan Hirsi Ale)
O amor nos tempos do cólera

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

“Nada fixa alguma coisa tão intensamente na memória como o desejo de esquecê-la.” (Michel de Montaigne)

domingo, 10 de fevereiro de 2013

"Tomorrow, you promise yourself, will be different, yet, tomorrow is too often a repetition of today." (James T. Mccay)
"Things do not change; we change." (Henry David Thoreau)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

The reason

So much of what is best in us is bound up in our love of family that it remains the measure of our stability because it measures our sense of loyalty. (Daniel Long)

domingo, 3 de fevereiro de 2013

"The basis of shame is not some personal mistake of ours, but the ignominy, the humiliation we feel that we must be what we are without any choice in the matter, and that this humiliation is seen by everyone." (Kundera)
"De todas as presunções ridículas da humanidade, nada ultrapassa as críticas feitas aos hábitos dos pobres por aqueles que têm casa, estão aquecidos e alimentados." (Melville)
“Love all, trust a few, do wrong to none." (Shakespeare)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Trust me.

We are not that interesting.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Promeiro post de 2013

Depois de muito tempo, eu tenho internet em casa e um notebook!!! Uhuuu!!! Isso quer dizer que agora eu posso escrever deitadinha na minha cama, que maravilha!, e que será mais fácil aumentar a frequência de posts (bem, diminuir é quase impossível, haha).
Ultimamente eu estou numa onda de limpar e arrumar as coisas de casa, desentulhando relíquias e coisas que já deveriam ter ido embora faz tempo. Aliás, hoje eu li uma frase (em espanhol) que eu adorei:
"compra cosas que no necesitas con dinero que no tiener."
Adorei.
...
Enfim, muitas vezes eu estou conversando com as pessoas e elas me recomendam livros para ler, ou filmes para assistir. E eu não esqueço não, ok? Pego o papel mais próximo e anoto, para um dia fazê-lo. Ou vejo uma nota sobre algo numa revista e anoto também, ou vejo um trailer, uma sinopse, uma crítica, enfim.
Juntando, durante a minha limpeza, todos estes nomes de livros e filmes, até que deu uma listinha grande! Me surpreendi ao ver que vários eu já tinha visto ou lido.
Enfim, vou postar aqui para mais tarde me lembrar, e evitar juntar papeis por aí. :D

Filmes:
Coisas iInsignificantes
Spinal tap (1984)
11-11-11
Os invasores
É proibido fumar
Feliz natal
Educação
Baixio das bestas
Amarelo manga
11:14
Nome próprio
Nove canções
O homem que não estava lá
As duas faces da felicidade
Repulsa ao sexo
Assunto de meninas
Os piratas do vale do silício
Decálogo (10 curtas)
They live
Eles
Cidadão Kane
Machete

Livros:
Curitiba - o mito da cidade moderna
Verão da lata
Conversações com Renato Russo
Contato (Carl Sagan)
A sangue frio
Meridiano sangrento
Hell Paris
Eight o'clock in the morning (conto - Ray Nelson, 1963)
Levantado do chão (Saramago)
Grande sertão: Veredas
As vinhas da ira (Steinbeck)
Germinal (Zola)
Frankstein ou o Prometeu moderno (Shelley)
Fausto
As mil e uma noites
Gostaríamos de informar que hoje a noite seremos mortos com as nossas famílias
No ar rarefeito
Não verás país nenhum
A dama das camélias