sábado, 11 de dezembro de 2010

A vida deveria ter manual de instrução.

Vergonha, remorso, culpa. Medo. Dor. Rejeição. Frustração.
"A, mas é isso que dá graça à vida. Errar e aprender com os erros."
Sim. Mas a graça só existe quando você está de bom humor.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Sorte.

Madrugada de domingo para segunda.
Minha vez de limpar a casa - atrasada uma semana, claro.
(provas!!!).
Uma da manhã.
Terminei.
Só falta molhar as plantas.
E é então que eu o vejo, pela sacada do meu quarto.
Na realidade, foi o movimento que me chamou a atenção.
Ele tentava arrumar o pano que o cobria. Era algo similar a um lençol, mas um pouco mais grosso que isso.
Não adiantava: seus joelhos continuavam descobertos.
Acho que havia alguém do lado dele, e ele não queria descobrir este alguém.
Seu travesseiro, um saco de lixo.
...
Eu não sou muito de orar, não. Ou rezar, como faz o meu pai. Mas, ultimamente, eu ando orando bastante.
Como há muito tempo eu não vou à igreja, e não sou fiel a nenhuma religião, não sei qual é o jeito certo de orar. Eu oro do jeito que eu me lembro que orava quando era mórmon; bem mais uma conversa que uma oração.
E eu agradeço.
Agradeço sempre a tudo que tenho.
Agradeço por ter um teto. Agradeço por ter comida em minha mesa. Agradeço por ter um cobertor pra me aquecer nas noites frias de Curitiba, como hoje.
Agradeço a família maravilhosa que eu tenho. Não, ela não é perfeita, claro - nenhuma é. Mas, se há algo que nunca faltou foi amor, e este supre tudo.
...
Eu já errei muito. Muito mesmo. Mas aqui estou eu, sã e salva, firme e forte.
E por que?
O que eu tenho de especial que, mesmo após todos os meus erros, me faz ter tudo o que tenho - teto, comida, cobertor, família, saúde, amigos?
O que me separa da pessoa que eu sou do que aquele que dorme lá em baixo, na calçada de uma loja?
Serão os meus erros menores do que os dele?
...
Não.
O que me faz errar, e mesmo assim ter a possibilidade de continuar, é sorte.
E sorte, meu bem, nunca foi uma coisa justa.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os muros.

Não, eu não sei o porquê de eu ser assim.
Só sei que eu sou.
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É uma barreira que eu crio. Que eu criei. E é difícil de transpor.
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É vergonha, em partes.
Vergonha de me mostrar.
Vergonha de que as pessoas descubram que eu não sou tudo isso que eu gosto de dizer que sou.
Vergonha de mostrar que eu erro - e feio.
Vergonha de admitir que eu não sei nada, que eu não sou nada.
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É receio, também. Medo.
Medo de perder.
Não, eu não entendo direito. Mas eu entendo, em partes. Eu sei que eu não posso perder o que não é meu. Então, eu não quero ser, e nem ter.
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É também algo parecido com autocrítica. Não, é difícil explicar. É porque eu sei que eu não mereço. Que eu nunca fiz por merecer. É porque eu sei que eu não vou acrescentar nada.
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E é amor, também. Porque eu amo - nossa, como eu amo. Amo demais. Pode não parecer, eu sei, mas eu amo tanto que dói. Dói porque eu sei que eu não posso modificar o mundo. Dói porque eu não posso voltar no tempo e fazer tudo acontecer de forma diferente. Dói porque eu não posso consertar as coisas. Dói porque eu não posso curar a dor dos outros.
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E, principalmente, é egoísmo. Não, eu não aguento sofrer. Eu não suporto saber da dor alheia. Isso me fere. Sangra. Mata.
Eu não consigo ver a frustação, a mágoa, o arrependimento. Não nos rostos que eu tanto amo.
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E é por isso que eu não telefono. Que eu não pergunto. Porque parece que, se está longe, está tudo ok. Se está longe, se eu não sei, a ferida deixa um pouco de sangrar. Se eu penso que vocês estão bem, eu consigo suportar ao menos mais um dia. Esta ignorância me faz seguir em frente, mesmo que às vezes eu não tenha vontade.
Sim, eu sou covarde. Sim, eu deveria mudar. Eu deveria enfrentar. Talvez eu faria vocês um pouquinho mais felizes. Quem sabe.