Uma imitação é sempre uma imitação?
E, por ser ela uma imitação, não devemos lhe atribuir valor algum?
Eu estava pensando nisto mais cedo, quando eu estava escrevendo o post da Mona Lisa. Eu fiquei pensando: bom, eu nunca vi a Mona Lisa. Nunca fui ao Louvre e encarei seu misterioso sorriso deixando que ela, também, encarasse o meu ao mesmo tempo.
O que eu vi foi um retrato dela; uma imitação de como ela é, de sua realidade. Mas, mesmo vendo apenas uma imitação, eu consigo ter um parecer sobre ela considerando o que eu sinto ao vê-la e os meus parcos conhecimentos sobre arte.
Pois é. E então, como fica esta pergunta?
A imitação tem algum valor ou não?
Como eu sou uma ex-quase-física, e como eu A-MO Física, e, ainda, como eu adoro elevar conceitos físicos a uma escala social e humana, eu digo que isto é relativo.
A imitação só tem o valor que nós impomos a ela. Ela é como a arte.
Por exemplo, a imagem que está acima do post. Esta é a minha releitura a grafite da Mona Lisa. Eu acabei de fazer, para poder ilustrar melhor meu pensamento.
É uma cópia. Sim, eu tentei copiar La Gioconda. É claro que ficou diferente; lembra la donna, mas não é igual. Eu demorei cerca de 20 minutos para fazê-la, e aí está.
Mas, ela tem algum valor?
Para mim, sim. Tem, porque fui eu quem a fez. Tem, porque eu tinha um propósito ao fazê-la. Tem, porque eu coloquei a minha técnica (sem comentários, por favor... ;P ) e meus sentimentos nela... Ela para mim é uma cópia, mas é Arte. A mim ela vale - e vale muito; valeram-me 20 minutos da minha vida, e uma carga inteira de emoções.
Mas ela só vale por isto; porque eu determinei que ela vale; eu a fiz parte de mim. Ela não é só mais uma imitação; ela me é singular, ela me é cara. Ela é uma cópia única.
Eu peguei a Mona Lisa e a coloquei em um rio, e ela e o rio sairam diferente. La Donna nunca mais será a mesma; não em meu mundo; não em mim. Porque ela mudou o rio que é a minha vida, e este rio a modificou também.
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ps: Sem risadas para com a minha obra de arte, ok?
:)