sexta-feira, 11 de julho de 2008

La Donna, mais uma vez.


Uma imitação é sempre uma imitação?

E, por ser ela uma imitação, não devemos lhe atribuir valor algum?


Eu estava pensando nisto mais cedo, quando eu estava escrevendo o post da Mona Lisa. Eu fiquei pensando: bom, eu nunca vi a Mona Lisa. Nunca fui ao Louvre e encarei seu misterioso sorriso deixando que ela, também, encarasse o meu ao mesmo tempo.

O que eu vi foi um retrato dela; uma imitação de como ela é, de sua realidade. Mas, mesmo vendo apenas uma imitação, eu consigo ter um parecer sobre ela considerando o que eu sinto ao vê-la e os meus parcos conhecimentos sobre arte.

Pois é. E então, como fica esta pergunta?

A imitação tem algum valor ou não?

Como eu sou uma ex-quase-física, e como eu A-MO Física, e, ainda, como eu adoro elevar conceitos físicos a uma escala social e humana, eu digo que isto é relativo.

A imitação só tem o valor que nós impomos a ela. Ela é como a arte.

Por exemplo, a imagem que está acima do post. Esta é a minha releitura a grafite da Mona Lisa. Eu acabei de fazer, para poder ilustrar melhor meu pensamento.

É uma cópia. Sim, eu tentei copiar La Gioconda. É claro que ficou diferente; lembra la donna, mas não é igual. Eu demorei cerca de 20 minutos para fazê-la, e aí está.

Mas, ela tem algum valor?


Para mim, sim. Tem, porque fui eu quem a fez. Tem, porque eu tinha um propósito ao fazê-la. Tem, porque eu coloquei a minha técnica (sem comentários, por favor... ;P ) e meus sentimentos nela... Ela para mim é uma cópia, mas é Arte. A mim ela vale - e vale muito; valeram-me 20 minutos da minha vida, e uma carga inteira de emoções.

Mas ela só vale por isto; porque eu determinei que ela vale; eu a fiz parte de mim. Ela não é só mais uma imitação; ela me é singular, ela me é cara. Ela é uma cópia única.

Eu peguei a Mona Lisa e a coloquei em um rio, e ela e o rio sairam diferente. La Donna nunca mais será a mesma; não em meu mundo; não em mim. Porque ela mudou o rio que é a minha vida, e este rio a modificou também.
...
ps: Sem risadas para com a minha obra de arte, ok?
:)
Fake Plastic Trees - Radiohead

Her green plastic watering can
For her fake Chinese rubber plant
In the fake plastic earth
That she bought from a rubber man
In a town full of rubber plans
To get rid of itself

It wears her out, it wears her out
It wears her out, it wears her out

She lives with a broken man
A cracked polystyrene man
Who just crumbles and burns
He used to do surgery
For girls in the eighties
But gravity always wins

It wears him out, it wears him out
It wears him out, it wears him out

She looks like the real thing
She tastes like the real thing
My fake plastic love
But I can't help the feeling
I could blow through the ceiling
If I just turn and run

It wears me out, it wears me out
It wears me out, it wears me out

If I could be who you wanted
If I could be who you wanted all the time
All the time...
All the time...




...

La Gioconda

Mona Lisa.
Ah, Mona Lisa.
O que eu sinto quando eu vejo a Mona Lisa?

(Tá, tudo bem, eu não sou nenhuma especialista em arte, vá lá. Mas, em minha defesa, eu uso aquele argumento que todo mundo usa - eu poderia encontrar outro mais interessante, mais plausível; mas vou usar este como forma de confundir a minha cabeça mesmo... -, que a maioria das pessoas não é especialista em (desculpe o termo, mãe) porra nenhuma, mas mesmo assim fica metendo o bedelho onde não lhe é devido - tipo como quando alguém fica julgando um fato que aconteceu, como, por exemplo, uma certa Ismália, que tinha cinco anos na época, e quis voar do sexto andar. Ninguém tem conhecimento nenhum de causa; ninguém sabe o que aconteceu realmente; ninguém sabe o que levou isto a acontecer. Se alguém quer julgar outrém, faça do jeito certo, sim? Faça um vestibular, passe, estude, forme-se em direito, especialize-se, faça concurso público para juíz, passe, exerça, pegue este caso, aprofunde-se, e só então dê o seu veredicto; só então julgue o que achar correto. Só um último apelo: não condene as pessoas sem provas, e não acredite em provas que a mídia te dá, em coisas que a mídia te fala; aliás, não acredite em nada o que te falam, nem em mim; mas, por favor, não seja mais um fantochezinho ordinário.)

Logo, meterei aqui o meu bedelho sobre La Gioconda.

É uma obra de arte e tanto, esta de Leonardo Da Vinci - acho que é a obra de arte mais conhecida do planeta. Sua beleza está na na sua técnica de pintura, o sfumato, que permite uma perfeita retratação de luz e sombra. Está também nas proporções de la donna, no chamado número de ouro; será que uma razão matemática pode nos trazer o belo?
E a beleza também está, é claro, em seu sorriso, misterioso e impassível. Será que ela esconde, atrás deste sorriso, um segredo triste? Ou ela o usa de guardião para uma suprema felicidade? Ou, ainda, será que ela resguarda nele toda uma ironia, a respeito da vida, do tempo e da fugacidade do Homem?

Ah, La Gioconda. Tão conhecida, tão eterna, sempre sendo julgada, analisada, desmentida...
Coitada.