terça-feira, 22 de julho de 2008

Fragmento de A Imortalidade

"Não vá me dizer que dois homens em desacordo profundo podem se amar; são contos da carochinha. Talvez pudessem se amar se guardassem para eles próprios suas opiniões, não falando sobre isso a não ser em tom de brincadeira para diminuir a importância delas (foi assim que Paulo e Grizzly conversaram até agora). Mas depois que a briga estourou, foi tarde demais. Não que acreditassem tanto nas opiniões que defendiam, mas não suportavam não ter razão. Olhe os dois. Além de tudo, essa briga não vai mudar nada de nada, não chegará a nenhuma conclusão, não mudará a marcha dos acontecimentos, é completamente estéril, inútil, limitada ao perímetro dessa cantina e à sua atmosfera fétida, com a qual desaparecerá quando as faxineiras abrirem as janelas. No entanto, veja a concentração do pequeno grupo de ouvintes, apertados em volta da mesa! Todos escutam em silêncio, até esquecendo de tomar café. E os dois adversários se agarram a essa minúscula opinião pública, que vai designar ou um ou outro como o detentor da verdade: para cada um deles, ser designado como aquele que não a detém equivale a uma desonra. Ou a perder um pedaço do seu eu. Na realidade, pouco importa a eles a opinião que defendem. Mas como fizeram disso um atributo do seu eu, cada ataque a essa opinião é uma aguilhoada em suas carnes."

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Uau! Quatro dias sem postar! Que recorde!
(A propósito, lê-se rê-cór-dê, e não ré-cór-dê, pois se fosse ré-cór-de seria uma proparoxítona e, portanto, seria acentuada - o que ela não é. Mania de estrangeirar tudo, viu! É como katchup. Todo mundo fala kétchup. Mas não é assim que devia se falar! Quer falar num ingrêis chik, fale kétchãp; ou então fale kátchup mesmo, ora bolas!)
Final de semana interessante, o último das férias.
Assisti Batman - O Cavaleiro das Trevas (dublado - argh!). Filme muito bom, cheio de ação e morte, como um filme massa tem que ser! hehehe
A performance do ator Heath Ledger, que faz o vilão Coringa, é um show à parte. Ele faz uns trejeitos com a boca, tem um jeito de andar, um olhar... Meu, tudo ficou ótimo! Eu não botava muita fé não, mas ele conseguiu superar o Coringa do primeiro filme do Batman, que foi interpretado por Jack Nicholson.
Enfim, assistam, vale a pena.

O que eu queria comentar é uma parte do filme muito interessante: tem uma hora que o coringa coloca explosivos em dois navios, e ele deixa o controle dos explosivos nos navios. Só que o detonador que está no navio A detona o navio B, e o detonador que está em posse dos ocupantes do B detona o navio A. Os dois navios estão cheios de gente. Os navios tem 15 minutos para explodir um ao outro; quem resolver explodir o outro primeiro se salva. MAS se nenhum se explodir, ele explodirá os dois ao término destes 15 minutos.
...
Bah! Que foda, hein?!?!!?
Isto me lembrou um teste que eu vi há muitos anos atrás em uma revista. Eu não lembro que teste é este, mas era o seguinte: dois ladrões são presos por um crime qualquer, e os dois são mantidos em celas separadas, e os depoimentos são também em separado. Se o preso 1 disser que o preso 2 é o culpado pelo crime, e o preso 2 não disser nada, o 1 é livre e o 2 pega 20 anos de prisão. Se, ao contrário, o preso 1 não disser nada e o preso 2 o acusar, o 2 é libertado e o 1 pega 20 anos de prisão. Caso os dois se acusem mutuamente, eles pegam 30 anos de prisão. Mas, se nenhum se acusar, a pena é de 10 anos de prisão.
Boa questão, essa, hein?
O que faria você, se você e alguém que você considere amigo fossem os personagens desta história?