sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Dom Casmurro

Terminei Dom Casmurro!!!
Agora sim eu sou um ser humano de verdade, e não apenas mais um desperdício de oxigênio!!!
Eeeee!!!

Minhas reflexões acerca do livro:
Gostei.
(Nossa, como eu sou descritiva! hehehe)
Mas, enfim. Eu gosto de Machado de Assis. Eu gosto das ironias dele, das reflexões sobre o homem que ele deixa implícito, de toda a análise psicológica, e eu adoro a metalinguagem (Kundera faz isto também). Apesar de eu já saber o final do Dom Casmurro - aliás, eu sabia a história e o final da história de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro, mas quem não sabe? -, me foi surpreendente lê-lo.

Acho que a única decepção foi que eu esperava que fosse mais páginas a respeito das dúvidas da traição - ele só sai do seminário na página 130! E isso que vai só até a 190! E o Escobar só morre lá pela 160!!! Bah... São só 30 páginas de dúvida... Mas, tudo bem. O jeito com que o Machadão leva esta 30 páginas, que já estão embasadas nas 160 anteriores, é fantástica.

(Ok, ok. Opinião de leiga, mas é a minha opinião.)

Ah! Agora vou ter que ler Otelo!!! ;)
.

Fragmentos:

"Entre a luz e o fusco tudo há de ser breve como esse instante."

"...Há coisas que não se ajustam nem combinam. A simples notícia era já uma turvação grande. As minhas idéias de ouro perderam toda a cor e o metal para se trocarem em cinza escura e feia, e não distingüi mais nada. Penso que cheguei a dizer que tinha pressa, mas provavelmente não falei por palavras claras, nem sequer humanas, porque ele, encostado ao portal, abria-me espaço com o gesto, e eu, sem alma para entrar nem fugir, deixei ao corpo fazer o que pudesse e o corpo acabou entrando.
Não culpo ao homem; para ele, a coisa mais importante do momento era o filho. Mas também não me culpem a mim; para mim, a coisa mais importante era Capitu. O mal foi que os dois casos se conjugassem na mesma tarde, e que a morte de um viesse meter o nariz na vida do outro. Eis o mal todo. Se eu passasse antes ou depois, ou se o Manduca esperasse algumas horas para morrer, nenhuma nota aborrecida viria interromper as melodias de minha alma. Por que morrer exatamente há meia hora? Toda tarde é apropriada ao óbito; morre-se muito bem às seis ou sete horas da tarde."

"Pois sejamos felizes de uma vez, antes que o leitor pegue em si, morto de esperar, e vá espairecer em outra parte; casemo-nos. Foi em 1865, uma tarde de março, por sinal que chovia. Quando chegamos ao alto da Tijuca, onde era o nosso ninho de noivos, o céu recolheu a chuva e acendeu as estrelas, não só as já conhecidas, mas ainda as que só serão descobertas daqui a muitos séculos. Foi grande fineza e não foi a única. São Pedro, que tem as chaves do céu, abriu-nos as portas dele, fez-nos entrar, e depois de tocar-nos com o báculo, recitou alguns versículos da sua primeira epístola: 'As mulheres sejam sujeitas a seus maridos... Não seja o adorno delas o enfeite dos cabelos riçados ou as rendas de ouro, mas o homem que está escondido no coração... Do mesmo modo, vós, maridos, coabitai com elas, tratando-as com honra, como a vasos mais fracos, e herdeiras convosco da graça da vida...' Em seguida, fez sinal aos anjos e eles entoaram um trecho do Cântico, tão concertadamente, que desmentiriam a hipótese do tenor italiano, se a execução fosse na terra; mas era no céu. A música ia com o texto, como se houvessem nascido juntos, à maneira de uma ópera de Wagner. Depois, visitamos uma parte daquele lugar infinito. Descansa que não farei descrição alguma, nam a língua humana possui formas idôneas para tanto."
(Ok, ok. Aqui está o meu lado romântico.)