sexta-feira, 27 de junho de 2008

A Respeito da Casualidade

Da Fatalidade Histórica



A bolinha que saiu na loteria

Não saiu porque deveria sair precisamente ela

Mas sim porque uma delas teria de sair,

Não podia deixar de sair!

Moral da História:

Uma coisa - só por ter acontecido -

Não quer dizer que seja lá essas coisas...



(Mário Quintana)







Coisa engraçada esta não... E insana, também.
As coisas não têm razão. A vida, se você pensar bem, não têm razão. O Universo existe e pronto, não porque deveria existir, mas porque aconteceu de ele existir. Se não tivesse acontecido, também não teria razão para não ter acontecido, apenas não teria acontecido e pronto.
É o homem, no final, que complica tudo; é ele quem inventa a necessidade de tudo ter que ter sempre razão. Mas isto é justificável, porque afinal nós queremos crer que estamos aqui por um determinado fim; nós somos uma interessante mistura de sentimento e razão, que faz com que não aceitamos o simples fato de estarmos aqui por mero acaso, simples "superioridade evolutiva", se é que este é o termo mais correto.
Nós amamos nossos pais e nossos filhos simplismente porque aconteceu de nós sermos seus filhos e seus pais; se fossem outras pessoas que não nós filhos de nossos pais ou pais de nossos filhos, eles os amariam também, pelo simples fato de serem estas outras pessoas seus filhos e seus pais, e jamais pensariam em nós e na possibilidade de amar outros filhos e outros pais.
E é a mesma coisa que os nossos amigos e nossos amores: nós os encontramos e eles nos encontraram, e essa união deu certo; mas se nós tivessemos encontrados outras pessoas para chamarmos de amigo e amor, nós os amaríamos também; talvez de outro jeito, de outra forma e intensidade, mas haveríamos de amá-los e sim, conseguiríamos viver sem aqueles que hoje nos são insubstituíveis.
E isto é triste, e é insano, e é imoral; e é tudo isto porque está contra os nossos sentimentos e contra tudo aquilo a que sempre acreditamos. Mas essa verdade (se é que existe verdades e se esta é uma delas) não muda diante de nossa ira e indignação.


'' "Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão. ''
(O guardador de Rebanhos, V - Alberto Caeiro)

Um comentário:

Lucemary disse...

Nossa!
Definitivamente, acho que voce ia conversar horas a fio com Lya Luft... putz, que orgulhaço de voce, guria!!!!!!!!!!!