Nesta semana eu não tive aula (semana do saco cheio no cursinho), e até que foi produtivo! Eu me dei uma última semana sem estudar antes de pegar pra capar para o vestiba (mas na verdade eu estudei um pouquinho), mas eu li bastante. E um dos livros que eu li foi São Bernardo, de Graciliano Ramos.
A única obra que eu tinha lido dele era Vidas Secas, e eu já tinha gostado dela. Gostei do jeito seco e cru que ele escreve, gostei de não ser mais uma históriazinha bobinha e romântica de final predestinado. Eu só não gostei (ou gostei?) de me sentir tão pequena, tão ínfima, tão inútil depois de ler a obra. Ou melhor, as duas obras.
É doloroso (e é isso que é o mais ridículo) perceber que todos os meus problemas, tão importantes pra mim, tão cruciais, tão grandes, são um nada em relação aos problemas do mundo; é horrível compreender que a minha vida é só mais uma vidinha perfeira, idiota e patética perante as outras vidas. E então eu me sinto mal por isso, e o fato de me sentir mal é mais estúpido ainda, porque isso significa mais problemas estúpidos na minha vida estúpida. E, ao invés de eu fazer alguma coisa para mudar, não; eu fico aqui, acovardada, escrevendo.
...
Enfim, vamos aos fragmentos (nem foram tantos desta vez; acho que eu estou aprendendo a escolher melhor!):
“Necessitando pensar, pensei que é esquisito este costume de viverem os machos apartados das fêmeas. Quando se entendem, quase sempre são levados por motivos que se referem ao sexo. Vem daí talvez a malícia excessiva que há em torno das coisas feitas inocentemente. Dirijo-me a uma senhora, e ela se encolhe e se arrepia toda. Se não se encolhe nem se arrepia, um sujeito que está de fora jura que há safadeza no caso.”
“Conheci que Madalena era boa em demasia, mas não conheci tudo de uma vez. Ela se revelou pouco a pouco, e nunca se revelou inteiramente. A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste.”
“Ali pelos cafus desci as escadas, bastante satisfeito. Apesar de ser um indivíduo medianamente impressionável, convenci-me de que este mundo não é mau. Quinze metros acima do solo, experimentamos a vaga sensação de ter crescido quinze metros. E quando, assim agigantados, vemos rebanhos numerosos a nossos pés, plantações estirando-se por terras largas, tudo nosso, e avistamos a fumaça que se eleva de casas nossas, onde vive gente que nos teme, respeite e até nos ame, porque depende de nós, uma grande serenidade nos envolve. Sentimo-nos bons, sentimo-nos fortes. E se há ali perto inimigos morrendo, sejam embora inimigos de pouca monta que um moleque devasta a cacete, a convicção que temos da nossa fortaleza torna-se estável e aumenta.”
É a sua vez de jogar
Há 9 anos
3 comentários:
mayinha...
entao, que eu posso dizer...
sempre achei que eu e vc, se fossemos uma unica pessoa, seria a pessoa mais equilibrada do mundo... eu sempre tao coração, e vc sempre tão pés-no-chão... eu humanas, vc exatas... eu a falta de animo, vc o animo em pessoa... mas o que eu sempre quis mesmo que vc tivesse mais que eu vc nao tem... pq eu to sempre alto-astral, e vc, geralmente depre...
mayinha, o mundo não vai melhorar nem piorar pq vc tem dó dele... a gente tem é que tentar melhorar o nosso mundo... renato russo já disse isso, lembra? é aquele lance de não adiantar comer tudo o que tem no prato, mesmo que vc nao queira mais, só porque tem gente que passa fome. Tá lembrada?
Acho mais, Mayinha, que vc tem que agradecer por seus problemas serem poucos... e, mesmo assim, as vezes eles parecem tão enormes, não é? Os meus, ao menos, as vezes tomam proporções que eu não imagino...
Então, Mayinha, se cuida. E usa o tempo que você precisar pra melhorar tudo o que vc pode. No final, o que importa mesmo é isso.
Eu te amo. Muito.
Bom...
eu li o post da Paula e voltei ao texto pra reler, pq soh tinha passado os olhos, mas o post dela me fez pensar "o q foi q eu perdi??" e descobri q tinha perdido tudo, pq na verdade eu nao tinha lido nada de vdd... entao... o q vou dizer?
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1. "... vidinha perfeira, idiota e patética perante..." (ctrlc/ctrlv por isso saiu ateh o erro de digitacao...)
2. "...e o fato de me sentir mal é mais estúpido ainda, porque isso significa mais problemas estúpidos na minha vida estúpida. E, ao invés de eu fazer alguma coisa para mudar, não; eu fico aqui, acovardada, escrevendo..."
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Nao vou dizer nada. Vou deixar voce ler o que copiei e colei, e pensar - pq tenho certeza absoluta d q ao reler o q vc escreveu sob a otica do meu olhar/sentimento, vai conseguir captar meus argumentos sobre "acovardada escrevendo" e "estupida" e "..." e perceber a verdadeira estupidez no que voce escreveu aih.
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Acho que ta passando da hora de voce vir pro colo da mae. Saudade gera carencia, e carencia altera a perspectiva das coisas, e acho q vc ta precisando de umas sacudidelas pra sacar que se nem o "superman" nem Jesus nem Mahatma Gandhi nem Madre Tereza nem tantos outros conseguira m consertar o mundo, nao eh uma garotinha que nem eh superpoderosa que vai conseguir. E que nao pode ser infeliz por isto. E vai lembrar do "corrente do bem" e sacar que cada um fazendo a sua parte faz muito - eh mesmo uma corrente - de efeito (ih! eskeci o nome, akele que nao eh progressivo, e sim... como na PA??? Pois eh. Vc tendeu.)...
Aih, depois das sacudidelas, vou te pegar no colo, beijar, abraçar e fazer voce perceber o tamanhao da diferenca que voce faz no dia a dia das pessoas que te cercam, e vou beijar e abraçar e beijar e abraçar e fazer vc se sentir um poukinho segura e aconchegada e aih... aih soh com vc aki pra saber! (kem sabe cinema e sorvete no shopping?) ;)
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Te amo tantao, mocinha.
PARA PENSAR:
"Os pequenos atos que se executam são melhores que todos aqueles grandes que se planejam."
George Marshall)
"O homem não tem ouvidos para aquilo a que a experiência não lhe deu acesso."
(Nietsche)
"Aproveite bem as pequenas coisas da vida; um dia você vai saber que elas eram grandes."
Roberto Brault)
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