domingo, 13 de julho de 2008

... e viva o Rock and Roll!!!

Hoje é o dia internacional do Rock and Roll!!!
Êêêêêêêê!!!!
Mas eu não quero falar sobre isso agora.


B/

Quero falar sobre algo que todo mundo odeia falar; algo que todo mundo prefere fingir que não existe.



.

O Bicho - Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
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Língua dos cachorros - Extromodos
Eu falo a lingua dos cachorros
e eles não contam pra ninguém
Eu lato, bato, cato, mordo
e eles não contam pra ninguém
Outro dia eu saí pra passear
- Hey, seu moço, tudo anda muito mal
Como tudo que puder eu encontrar
Durmo embaixo de um pedaço de jornal
A rua embaixo tá fazendo muito frio
Aí em cima deve ser bem mais legal
Eu falo a lingua dos cachorros
e eles não contam pra ninguém
Eu lato, bato, um gato mordo
e eles não contam pra ninguém
Eu queria ter um braço como o seu
Eu só queria ter a chance de ir pro céu
Andar de carro toda hora que quiser
Fazer amigos, conhecer papai noel
Todo cachorro é dono de tanto segredo
Alfredo quer só ter os olhos como os seus
Sou um cachorro e a todo homem meto medo
Você devia ser tão dócil quanto eu
Eu falo a língua
Eu falo o que quiser também
Eu falo a língua
Eu falo o que quiser também
.
.


Uma amiga minha muito amada me falou uma vez que eu era diferente. Eu perguntei porque ela estava dizendo aquilo. Ela então me falou que era porque eu não fingia fechar os olhos. Porque eu percebia, e assumia, que a pobreza existe, que o preconceito existe, que a dor existe. Porque, diferentemente da maioria das outras pessoas, eu não sou indiferente às diferenças; porque uma parte do meu coração seca quando vejo uma criança pedindo dinheiro, ou alguém dormindo na rua, ou qualquer outra coisa que seja real. E ela falou que isto era importante; que isto fazia diferença.

Mentira.
Besteira.
Isso não diferença porra nenhuma.

O mundo continua como está; a vida continua sempre a mesma merda injusta.
E eu não sei o que eu posso fazer para modificá-lo, para torná-lo melhor. Sequer sei se isto é possível, se é compatível com o gênero humano.
Se o mundo é o que é, se a sociedade é o que é, é porque ela reflete o Homem. É um sistema caótico; o todo é apenas uma reprodução das pequenas partes. Você pode pegar uma fração deste todo, comparar com outra fração, e verá que sim, elas são diferentes. Mas se você pegar várias e várias frações, verá que cada uma é parte E representa o todo. São todas diferentes e iguais, ao mesmo tempo. A nossa sociedade é o que nós somos.

E isto fere a mim.
Faz a minha esperança desfalecer ao tic-tac do relógio.
Esperança de que possa haver uma justiça dor e felicidade, intrínseca em tudo. Que a dor das pessoas seja diretamente proporcional à felicidade que virá - porque só neste caso haverá justiça para o homem, se é que ela existe.

3 comentários:

Lucemary disse...

P.S.: Já chorei muito lendo esse poema aí. Muita vez.

Lucemary disse...

"Mentira.
Besteira.
Isso não diferença porra nenhuma."
...
"Um homem caminha na praia e avista um menino ao longe jogando estrelas do mar de volta à água. Estas estrelas do mar existiam aos montes na praia e estavam todas morrendo. Todo este trabalho do menino parecia ser inútil a este homem. Então o homem se dirigiu ao menino e perguntou. "Que diferença faz jogar estas estrelas de volta ao mar? São muitas. Não vê que não irá terminar a tarefa?. Não faz a mínima diferença". O menino responde olhando para estrela do mar que está na sua mão: "Para esta faz diferença". O homem então compreende a diferença e começa a ajudar o menino a jogar as estrelas de volta ao mar."
...
http://opusculudei.blogspot.com/2006/06/jornada-do-heri.html

Lucemary disse...

Então...
sua mãe tá pirando. Aquela semana que eu ia tirar em agosto, pra ficarmos juntas, tive que tirar agora. Pra ir ao medico, pra ir ao dentista, pra ir ao terapeuta, pra dar um tempo pra minha cabeça. Esse lugar tá conseguindo fazer comigo o que quarenta e poucos anos pelo mundo não conseguiram: me surtar. E agora, lendo seu blog, putz! Dá licença que eu vou ali na esquina me matar um pouco e já volto? Como é que é que você consegue expor com tanta nitidez a pequenez humana? Porque é que você tá assim, tão ... meu Deus, me foge o termo. Diria, talvez, com olhos e coração tão atentos à hipocrisia, ao pequeno, à dureza do coração das gentes???
Você tá bem, filha?
...
E como sou mãe, não, não fui ali na esquina me matar. Fui pesquisar na net a historinha aih do outro post pra mostrar a você que trabalho de formiguinha funciona, que vale a pena, que faz diferença - por mais que a gente não perceba, pequenas atitudes, pequenos gestos, pequenas gentilezas, preocupações... mesmo que não consigamos mudar o mundo, mesmo que não possamos exterminar as injustiças, mesmo que muita gente morra de fome - se conseguirmos aquecer um coração, alimentar uma fome, iluminar uma alma, terá valido a pena. E saberemos que, por mais que a injustiça permaneça, fizemos alguma diferença, ajudamos a melhorar, fizemos um pouquinho a nossa parte.

:P
Eu te amo. Apesar de, no momento estar mais down ainda com seu texto.
:P