sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Áaaaaaaaaaa-lê-lui-á!...

Áaaaaaaaaaa-lê-lui-á!... Alelui-á!

Yeah!
Acabou!
O vestiba acabou!
E 2008 está acabando... Passou rápido este ano, eu achei... apesar de toda a tensão que eu tive...

Enfim, não mais vestibulares, não mais estudar coisas que eu não gosto, não mais stress... (ok, não mais stress já é forçar a barra... ;P )

Revi família querida (não todos, claro: a família é muito grande!), revi amigos queridos (idem), estou na expectativa de rever outros, ainda...

Agora eu tenho tempo para ler o que eu quero, para me dedicar ao meu livro (sim, eu quero escreve um ainda... já até comecei! xD ) , para me dedicar a este e ao outro blog, para fazer planos, para decidir que rumo tomar, para não fazer absolutamente nada... (ou, pior ainda, para contrariar meus princípios e assistir "A Favorita" =/ )

É... as férias prometem...
;)

domingo, 7 de dezembro de 2008

Momento num Café

Esse poema caiu hoje na segunda fase do vestibular. Questãozinha foda; aliás, todas as questões estavam muito bem elaboradas, curtinhas e foda. Neste poema pedia pra analisar as as duas visões da vida expostas. Muito filosófico, eu achei...
Enfim, não vou me prolongar. Tô morrendo de dor de cabeça e cansada, e ainda tenho cinco provas essa semana. Sexta eu posto, prometo!


Momento num Café - Manuel Bandeira

Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida.
Confiantes na vida.


Um no entanto se descobriu num gesto longo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Poema de Natal (Vinícius de Moraes)

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixam, graves e simples.

Pois para isso somos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um ComTato (Extromodos)

Sei lá, olha o tempo que eu quis cantar você

Olha o canto que eu fiz com tempo, eu sei

Tanto tempo
Sobra todo o tempo que eu fiz parar pra ver
Quanto homem morto dentro
Não por fraco / pensamento mal calado
E agora espero todo o tempo não calado

Faço ainda um contato / ainda volto pro normal
Ainda te quero muito tempo ao meu lado
Engulo o choro, amargurado
Só espero que você esteja melhor que eu

Quanto tempo faz? lembro de você
Coisas de criança / quantas mágoas não fizemos nos sofás daqui

Foda

Noite passada foi foda de dormir.
Na realidade toda noite é foda de dormir nessa TPV maldita (tensão pré-vestibular), mas ontem eu estava lembrando de uma amiga minha, muito muito muito querida.

É complicado quando a gente percebe que a gente é bem pior daquilo que imaginávamos; quando nós descobrimos que somos maus. Que somos falsos. Que somos hipócritas.

A amizade é uma coisa que eu prezo pra caramba. Eu tenho a necessidade de ter amigos. E eu quero ser o melhor para eles, também.

Amadurecer é difícil. É difícil levar porrada da vida.
Só que é mais fácil quando outra pessoa que bate. Quando é alguém que nos derruba, que nos empurra, que nos machuca.
Foda é quando você percebe que foi você mesma quem ferrou geral - com a sua vida e com a vida de uma outra pessoa. Aquela, a quem você considerava amiga e que você queria ser a melhor.

Droga.

...

Agora é pedir perdão e conviver com a culpa.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Protesto!

Pô!
Eu tava aqui digitando um post massa pro blog e a maldita da minha havaiana não me arrebentou?
Arrebentou mesmo, não é que ela simplesmente saiu do buraquinho certo; a tira dela ESTOUROU!!!! Saco saco saco again!!!

...

Até perdi o fio da meada. Outro dia posto algo mais decente.

Mulos

Ontem eu estava lendo uma revista, a Istoé, de 01/10/08. Teve uma reportagem que que fiquei de cara: Pensou, ligou: empresa americana lança celular comandado por ondas cerebrais.

Como assim, meu, pelo pensamento? Que sinistro!

Cara, tecnologia é foda! Cada coisa ainda por descobrir! Cada maravilha que nos é possível, tudo graças ao conhecimento e à ciência (esta tecnologia que me fez envergar para a área da física).

A reportagem de capa desta revista era sobre os médiuns. Sinceramente, eu não acredito nisto, e então eu fiquei imaginando o que faria estas pessoas sentirem ou dizerem sentir que realmente têm o dom de "conversar" com o "outro lado". E então eu lembrei do Mulo.

O Mulo é um personagem do livro Fundação e Império, do Asimov (ps: se alguém tem em mente ler o livro e não quer estragar a surpresa do final, nem termine este parágrafo). Em um futuro distante, onde existe o hiper-espaço e Império Galático (e isto tudo antes de Star Wars), o Mulo é um mutante, capaz de ler e de controlar os sentimentos humanos.

Então eu fiquei pensando: bah, o ser humano é um ser tão limitado! A luz, por exemplo. A luz é uma onda eletromagnética, e o homem só pode enxergar as ondas eletromagnéticas que possuem uma freqüência entre 4,5*10^14 a 7,5*10^14 - esta é a chamada luz visível. Toda onda eletromagnética que tem freqüência menor ou maior do que esta nos é invisível. Quer dizer, os nossos órgãos visuais só captam uma fração ínfima da luz - e com esta fraçãozinha a gente pinta um arco íris e ainda acha lindo!

Então, será que este "poder" de falar com os que já se foram não é na realidade um sexto sentido, algo como uma mutação? Isto admitindo que eu esteja certa e que realmente não exista este outro lado, claro. Porque, imagino eu, quem procura este tipo de pessoa está com a intenção de se comunicar com algum ente querido; ou seja, está pensando neste ente. Será que estes médiuns não são, na verdade, uma espécie de "mutantes", seres evoluídos, e que são capazes de (ok, perdoem a minha viagem) ler os pensamentos?

Eu sei, é meio pirado, mas é uma idéia minha... Como se estes médiuns fossem uma espécie de Mulos modificados... Mas, ué? O celular do início do post faz isso, não faz? Pela tecnologia EEG (usado em eletroencefalograma). E, se o homem está sempre evoluindo, porque não é possível alguém possuir, em um futuro próximo - ou mesmo agora - esta capacidade?

Que pira, hein?!?!?

:)

domingo, 9 de novembro de 2008

Saco.

Stress. Mau humor. Impaciência. Uma semana para o vestibular da UFPR. Uma semana para estar em Curitiba. Uma mês para o primeiro dia do vestibular do ITA. Bahia à vista. Sem saco para estudar. Sem saco para ler. Sem saco para escrever. Algo decente, claro. Sem saco para fazer coisa alguma. Querendo que este mês passe logo, mas ao mesmo tempo ansiosa. Sem dormir direito. Querendo fazer alguma coisa diferente, mas sem ânimo/dinheiro/disposição/idéia do que fazer. Sem companhia para fazer algo assim também. Sem amigos próximos. Ô vida inútil. O tempo não passa. Saco. Saco. Saco.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

"Um dia, quando já não houver império britânico nem república norte-americana, haverá Shakespeare; quando não se falar inglês, falar-se-á Shakespeare." (Machado de Assis)



Semana passada, no projeto Entrelinhas do colégio, o professor trouxe uma folha com várias citações do Machado, e era para escolher uma entre elas e fazer uma dissertação a respeito. Essa foi a minha escolhida logo de cara: simplesmente ADOREI!

Eu já tinha pensado a respeito; 'São Bernardo' me fez pensar nisto.



É claro que a política afeta as milhões de vidas existentes no planeta; isto é óbvio. A situação economica mundial determina quem vive e quem morre no mundo. Mas, mesmo assim, ela é apenas o enredo da história humana. Só.



Quando a gente vai ao teatro, não o fazemos para saber uma história dele. Não. Se fosse assim, a gente lia apenas o resumo da peça em casa, é bem mais fácil.

A gente vai ao teatro pra ver a atuação, pra ver e sentir o conflito; a gente vai por causa da sensação que ele nos proporciona. Queremos sentir.



É simples: ao lermos a "Rosa de Hiroshima", de Vinícius, não nos vem a cabeça toda a situação político-econômica que levou à utilização da bomba atômica. Não; o que nos vem à cabeça - ou melhor, ao coração - são as milhares de vidas que foram perdidas neste ato; são as milhares de vida que foram marcadas por gerações devido à desumanização do homem no ocaso da guerra.

É o nosso lado emocional que comanda nesse momento.



O caso é que o homem tende a esquecer tudo aquilo que é exterior a ele. Tem um ditado mesmo que diz: "você só se lembra do soco que você recebeu." (é, não sei bem se é um ditado, mas alguém alguma vez me disse isso). Mas é verdade. Se é você que dá o soco, você se esquece - não doeu em ti. Mas, se você recebe, irás te lembrar sempre.

Tente se lembrar de um dia qualquer do ano passado: 15 de maio, por exemplo, o que você fez nesse dia? Provavelmente você só irá se lembrar se foi um dia que aconteceu algo de especial, algo que mexeu com a sua emoção. Se não, já era.



A arte é uma forma do ser humano extravasar este sentimento; deixar fluir o emocional perante o racional. E que seja na forma de música, poesia, pintura, o que seja; mas seja arte.

É por isso que a arte fica. Porque, no final das contas, é o lado humano que importa.

domingo, 12 de outubro de 2008

Nesta semana eu estava meio sem net (a net aqui em casa estava lenta pra caramba, então, pra eu não me irritar, nem ligava o computador), mas sabe que rendeu? Estudei pra caramba (contagem regressiva: 59 dias para o vestibular do ITA), e li dois livros: O Pagador de Promessas, de Dias Gomes (acho), que cai na UFPR, e Os Tambores Silenciosos, de Josué Guimarães, e que cai na Unioeste.
Eu não tinha lido ainda nenhum dos dois, só sabia mais ou menos a história do Pagador. Putz, este é muito bom! Gostei bastante, o final me foi surpreendente. Ele é facinho de ler, é em teatro, muito interessante, vale a pena.
Já o Tambores, hum... Eu gostei, mas também não gostei...
Eu explico: a história é interessante, incomum, e o final também. Mas eu tive uma sensação de, ao terminar o livro, não ter entendido perfeitamente o que o autor quis me dizer... Como se eu fosse uma estúpida, e eu não gosto de me sentir assim, óbvio. Bah! Odeio esta sensação!
Bom, mas o interessante é o jeito que ele escreve: os parágrafos são imeeeeensos, ele mistura fala direta com indireta o tempo todo, a pontuação é muito escassa, o que torna a leitura mais difícil mas também mais dinâmica! E os personagens também são bem realistas, nada de idealismos românticos. Massa.
Acho que vou ler denovo, mas depois do vestiba. Vamos ver qual será a minha segunda impressão.

Art Attack!




Tem um programa da Disney Channel que eu adoro: Art Attack!
Tá, tá, é um programa infantil, eu sei, que "mostra que você não precisa ser um Picasso para fazer verdadeiras obras de arte", mas ele é tããããããoooo legal...
Enfim, eu assisto. E toda vez que eu assisto me dá um ataque artístico... Então, uns meses atrás eu chamei o meu irmão (que também assiste de vez em quando) pra fazer arte, e foi isso que saiu! Um cara sem cabeça e um cão mijando em um poste! hehhehe
Mas ficou tesão! Está encima da TV da sala, pra todo mundo ver! E a gente fez ainda uma Beli Regina (a cadela que pertence à minha madrasta) de papel machet, só que a gente tem que deixar a preguiça de lado e terminar de pintá-la... Mas quando ficar pronta eu coloco ela aqui, prometo!

sábado, 4 de outubro de 2008

A Valsa dos Adeuses

Ainda nesta semana eu li A Valsa dos Adeuses, de Milan Kundera (amo!).
Em geral eu não gosto de possuir livros; os livros, para mim, são feitos para ser lidos e passados para frente, compartilhados. Mas não os livros do Kundera.
Sempre que eu termino um livro do Kundera, eu tenho a impressão de que algo morreu, mas morreu sem estar completo; como se fosse alguém que partisse sem ter cumprido a sua missão. Parece que me falta algo, que teve um capítulo, uma página, uma simples palavra que eu não consegui compreender a essência... Então, eu decidi quebrar as minhas leis naturais, e os livros do Kundera eu quero ter.
Na última vez que eu fui para Curitiba, eu encontrei (êêêêêê!!!) três livros dele: A Valsa dos Adeuses, que eu li essa semana; A Imortalidade, que eu já tinha lido e amado; e A Brincadeira, que eu vou ler depois que passar as pressões do vestiba.
Tem vááááááárias coisas legais para postar aqui no blog, mas eu estou com preguiça de ficar digitando, então eu só vou postar hoje uma parte massa, que me lembrou bastante Augusto dos Anjos:

“Inclinou-se sobre ela e encostou sua boca na dela. Era uma boca fresca, uma boca jovem, uma boca bonita com os lábios macios lindamente recortados e com os dentes cuidadosamente escovados, tudo estava em seu lugar e era fato que ele, dois meses antes, tinha sucumbido à tentação de beijar estes lábios. Mas, justamente porque essa boca o seduzira, ele a sentira através da névoa do desejo e nada sabia do seu aspecto real: a língua parecia então uma chama e a saliva era um licor embriagante. Só agora, depois de ter perdido sua sedução, essa boca era repentinamente tal qual uma boca, a boca real, isto é, esse orifício assíduo pelo qual a moça já tinha absorvido alguns metros cúbicos de macarrão, de batata e de sopa; os dentes tinham pequenas obturações, e a saliva não era mias um licor embriagante, mas a irmã gêmea do escarro. O trompetista tinha a boca cheia com a língua dela; dava-lhe a impressão de um bocado pouco apetitoso que era impossível para ele engolir, mas que ficava mal rejeitar.”

São Bernardo

Nesta semana eu não tive aula (semana do saco cheio no cursinho), e até que foi produtivo! Eu me dei uma última semana sem estudar antes de pegar pra capar para o vestiba (mas na verdade eu estudei um pouquinho), mas eu li bastante. E um dos livros que eu li foi São Bernardo, de Graciliano Ramos.
A única obra que eu tinha lido dele era Vidas Secas, e eu já tinha gostado dela. Gostei do jeito seco e cru que ele escreve, gostei de não ser mais uma históriazinha bobinha e romântica de final predestinado. Eu só não gostei (ou gostei?) de me sentir tão pequena, tão ínfima, tão inútil depois de ler a obra. Ou melhor, as duas obras.
É doloroso (e é isso que é o mais ridículo) perceber que todos os meus problemas, tão importantes pra mim, tão cruciais, tão grandes, são um nada em relação aos problemas do mundo; é horrível compreender que a minha vida é só mais uma vidinha perfeira, idiota e patética perante as outras vidas. E então eu me sinto mal por isso, e o fato de me sentir mal é mais estúpido ainda, porque isso significa mais problemas estúpidos na minha vida estúpida. E, ao invés de eu fazer alguma coisa para mudar, não; eu fico aqui, acovardada, escrevendo.
...

Enfim, vamos aos fragmentos (nem foram tantos desta vez; acho que eu estou aprendendo a escolher melhor!):

“Necessitando pensar, pensei que é esquisito este costume de viverem os machos apartados das fêmeas. Quando se entendem, quase sempre são levados por motivos que se referem ao sexo. Vem daí talvez a malícia excessiva que há em torno das coisas feitas inocentemente. Dirijo-me a uma senhora, e ela se encolhe e se arrepia toda. Se não se encolhe nem se arrepia, um sujeito que está de fora jura que há safadeza no caso.”

“Conheci que Madalena era boa em demasia, mas não conheci tudo de uma vez. Ela se revelou pouco a pouco, e nunca se revelou inteiramente. A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste.”

“Ali pelos cafus desci as escadas, bastante satisfeito. Apesar de ser um indivíduo medianamente impressionável, convenci-me de que este mundo não é mau. Quinze metros acima do solo, experimentamos a vaga sensação de ter crescido quinze metros. E quando, assim agigantados, vemos rebanhos numerosos a nossos pés, plantações estirando-se por terras largas, tudo nosso, e avistamos a fumaça que se eleva de casas nossas, onde vive gente que nos teme, respeite e até nos ame, porque depende de nós, uma grande serenidade nos envolve. Sentimo-nos bons, sentimo-nos fortes. E se há ali perto inimigos morrendo, sejam embora inimigos de pouca monta que um moleque devasta a cacete, a convicção que temos da nossa fortaleza torna-se estável e aumenta.”

Tô sem net.

Tá foda de postar.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Dom Casmurro

Terminei Dom Casmurro!!!
Agora sim eu sou um ser humano de verdade, e não apenas mais um desperdício de oxigênio!!!
Eeeee!!!

Minhas reflexões acerca do livro:
Gostei.
(Nossa, como eu sou descritiva! hehehe)
Mas, enfim. Eu gosto de Machado de Assis. Eu gosto das ironias dele, das reflexões sobre o homem que ele deixa implícito, de toda a análise psicológica, e eu adoro a metalinguagem (Kundera faz isto também). Apesar de eu já saber o final do Dom Casmurro - aliás, eu sabia a história e o final da história de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro, mas quem não sabe? -, me foi surpreendente lê-lo.

Acho que a única decepção foi que eu esperava que fosse mais páginas a respeito das dúvidas da traição - ele só sai do seminário na página 130! E isso que vai só até a 190! E o Escobar só morre lá pela 160!!! Bah... São só 30 páginas de dúvida... Mas, tudo bem. O jeito com que o Machadão leva esta 30 páginas, que já estão embasadas nas 160 anteriores, é fantástica.

(Ok, ok. Opinião de leiga, mas é a minha opinião.)

Ah! Agora vou ter que ler Otelo!!! ;)
.

Fragmentos:

"Entre a luz e o fusco tudo há de ser breve como esse instante."

"...Há coisas que não se ajustam nem combinam. A simples notícia era já uma turvação grande. As minhas idéias de ouro perderam toda a cor e o metal para se trocarem em cinza escura e feia, e não distingüi mais nada. Penso que cheguei a dizer que tinha pressa, mas provavelmente não falei por palavras claras, nem sequer humanas, porque ele, encostado ao portal, abria-me espaço com o gesto, e eu, sem alma para entrar nem fugir, deixei ao corpo fazer o que pudesse e o corpo acabou entrando.
Não culpo ao homem; para ele, a coisa mais importante do momento era o filho. Mas também não me culpem a mim; para mim, a coisa mais importante era Capitu. O mal foi que os dois casos se conjugassem na mesma tarde, e que a morte de um viesse meter o nariz na vida do outro. Eis o mal todo. Se eu passasse antes ou depois, ou se o Manduca esperasse algumas horas para morrer, nenhuma nota aborrecida viria interromper as melodias de minha alma. Por que morrer exatamente há meia hora? Toda tarde é apropriada ao óbito; morre-se muito bem às seis ou sete horas da tarde."

"Pois sejamos felizes de uma vez, antes que o leitor pegue em si, morto de esperar, e vá espairecer em outra parte; casemo-nos. Foi em 1865, uma tarde de março, por sinal que chovia. Quando chegamos ao alto da Tijuca, onde era o nosso ninho de noivos, o céu recolheu a chuva e acendeu as estrelas, não só as já conhecidas, mas ainda as que só serão descobertas daqui a muitos séculos. Foi grande fineza e não foi a única. São Pedro, que tem as chaves do céu, abriu-nos as portas dele, fez-nos entrar, e depois de tocar-nos com o báculo, recitou alguns versículos da sua primeira epístola: 'As mulheres sejam sujeitas a seus maridos... Não seja o adorno delas o enfeite dos cabelos riçados ou as rendas de ouro, mas o homem que está escondido no coração... Do mesmo modo, vós, maridos, coabitai com elas, tratando-as com honra, como a vasos mais fracos, e herdeiras convosco da graça da vida...' Em seguida, fez sinal aos anjos e eles entoaram um trecho do Cântico, tão concertadamente, que desmentiriam a hipótese do tenor italiano, se a execução fosse na terra; mas era no céu. A música ia com o texto, como se houvessem nascido juntos, à maneira de uma ópera de Wagner. Depois, visitamos uma parte daquele lugar infinito. Descansa que não farei descrição alguma, nam a língua humana possui formas idôneas para tanto."
(Ok, ok. Aqui está o meu lado romântico.)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Ok, ok. Eu sei que eu estou muito "auto-ajuda" ultimamente, e com uma temenda preguiça de postar coisas minhas (para variar), mas prometo que logo logo o farei.

Este texto eu copiei do orkut da Bri - AMEI!!!

(A carapuça me serviu, fazer o quê...)



MUDE...
mas comece devagar por que a direção é mais importante que a velocidade.
sente-se em outra cadeira do outro lado da mesa.
mais tarde mude de mesa.
quando sair procure andar do outro lado da rua.
depois mude de caminho e ande por outras ruas.
calmamente observando os lugares por onde você passa.
pegue outro ônibus.
mude por uns tempos o estilo das roupas.
dê os seus sapatos velhos.
procure andar descalço por alguns dias.
tire uma tarde inteira pra passear livremente na praia ou no parque e ouvir o canto dos passarinhos.
veja o mundo de outras perspectivas.
abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
durma do outro lado da cama.
depois procure dormir em outras camas.
assista a outros programas de tv.
compre outros jornais.
leia outros livros.
viva outros romances.
não faça do hábito um estilo de vida.
ame a novidade.
durma mais tarde.
durma mais cedo.
aprenda uma palavra por dia numa outra lingua.
coma um pouco menos.
escolha comidas diferentes.
novos temperos.
novas cores.
novas delícias.
tente o novo dia.
o novo método.
o novo sabor.
o novo jeito.
o novo prazer.
o novo amor.
a nova vida.
tente.
faça novos amigos.
tente novos amores.
faça novas relações.
almoce em outros locais.
vá em outros restaurantes.
tome outro tipo de bebida.
compre pão em outra padaria.
almoce mais cedo.
jante mais tarde.
ou vice e versa.
escolha outro mercado.
outra marca de sabonete.
outro creme dental.
tome banho em novos horários.
use canetas de outras cores.
vá passear em novos lugares.
ame muito.
cada vez mais.
de formas diferentes.
troque de bolsa.
de carteira.
de malas.
troque de carro.
compre novos óculos.
escreva outras poesias.
joque fora os velhos relógios.
quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
abra conta em outros bancos.
vá a outros cinemas.
outros cabelereiros.
outros teatros.
visite novos museus.
mude.
pense que a vida é uma só.
e pense seriamente em arrumar outro emprego.
uma nova ocupação.
um trabalho mais light.
mais prazeroso.
mais digno.
mais humano.
se você não encontrar razões para ser livre... invente-as.
seja criativo.
e aproveite para fazer uma viagem despretensiosa.
longa.
se possivel sem destino.
troque.
experimente coisas novas.
novamente mude de novo.
experimente outra vez.
você certamente conhecera coisas melhores.
e coisas piores do que as já conhecidas.
mas não é isso que importa.
o que mais importa é o movimento.
a energia.
só o que está morto não muda.
pela salvação.
pelo risco.
sem o qual a vida não vale a pena.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Ser adulto

Eu recebi este email hoje, do meu papito... Em geral eu não gosto destes textos que são enviados pela internet - eles são ou muitop melodramático, ou muito estilo "Tribalistas"...
Mas este eu gostei!


Ser Adulto

Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.
Detesto quando escuto aquela conversa:
- 'Ah, terminei o namoro... '
- 'Nossa, quanto tempo?'...
- 'Cinco anos... Mas não deu certo... Acabou'
- É, não deu...?
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.

Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos.
Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.

Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate, se joga. Se não bate... mais um Martíni, por favor, e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra... O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.

O ser humano não é absoluto.
Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro,recessão de família?
O legal é alguém que está com você por você. E vice versa.
Não fique com alguém por dó também.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós.
Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.

Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.

Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração.
Faz parte.
Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo. E nem sempre as coisas saem como você quer...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo que não é tão bom é para descartar.
Ou se apaixonar.
Ou se culpar.
Enfim...

Quem disse que ser adulto é fácil?

Pense a respeito...

Outro dia eu estava conversando com um amigo meu do cursinho, assuntos aleatórios mesmo. E sei lá por que ele me falou uma história que ficou na minha cabeça... É a história de um rapazinho que não gostava de estudar. E ele vivia discutindo isto com o pai dele, porque ele não queria modificar-se. E então, um dia o pai dele disse:
- Realmente, estudar pra quê, se a ignorância vem de graça...?

(ADOREI a frase.)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"Quando as longas horas vagas e o vazio dos sentimentos perdidos me proporcionaram esta espécie de canto interior que se chama poesia, minha voz se transformou, e este canto ficou triste como a vida real. Todas as minhas fibras, enternecidas pelas lágrimas, choravam ou rezavam, em vez de cantar. Eu já não imitava ninguém, eu exprimia a mim mesmo para mim mesmo. Não era uma arte, era um consolo de meu próprio coração que se embalava em suas próprias lágrimas. Eu não pensava em ninguém ao escrever alguns versos esparsos, senão em um homem ou Deus. Versos que eram um gemido ou um grito da alma."

(Lamartine)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ao vencedor, as batatas!

  • Terminei Quincas Borba!!!
    ;)

    "Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor, é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo seria cansativo, mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária e faz-se o equilíbrio da vida."

    "O rumor das vozes e dos veículos acordou um mendigo que dormia nos degraus da igreja. O pobre-diabo sentou-se, viu o que era, depois, tornou a deitar-se, mas acordado, de barriga para o ar, com os olhos fitos no céu. O céu fitava-o também, impassível como ele, mas sem as rugas do mendigo, nem os sapatos rotos, nem os andrajos, um céu claro, estrelado, sossegado, olímpico, tal qual presidiu às bodas de Jacó e ao suicídio de Lucrécia. Olhavam-se numa espécie de jogo do siso, com certo ar de majestades rivais e tranqüilas, sem arrogância nem baixeza, como se o mendigo dissesse ao céu:
    - Afinal, não me hás de cair em cima.
    E o céu:
    - Nem tu me hás de escalar."

    " 'Para as rosas', escreveu alguém, 'o jardineiro é eterno'. E que melhor maneira de ferir o eterno que mofar das suas iras? Eu passo, tu ficas; mas eu não fiz mais que florir e aromar, servi as donas e as donzelas, fui letra de amor, ornei a botoeira dos homens, ou expiro no próprio arbusto, e todas as mão, e todos os olhos me trataram e me viram com admiração e afeto. Tu não, ó eterno; tu zangas-te, tu padeces, tu choras, tu afiges-te! A tua eternidade não vale um só dos meus minutos."

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Citações

"O único que paguei então à moda acadêmica, foi o das citações. Era nesse ano de bom-tom ter de memória frases e trechos escolhidos dos melhores autores, para repetí-los a propósito.
Visto de longe, e através da razão, esses arremedos de erudição, arranjados com seus remendos alheios, nos parecem ridículos; e todavia é esse jogo de imitação que primeiro imprime ao espírito a flexibilidade, como ao corpo o da ginástica."

Como e porque sou romancista, José de Alencar

.

Concordo.

Ah...

Mais de suas semanas sem postar... Nossa!
"Férias" incríveis em Curitiba...
Revivendo a Maya do passado - um pouquinho mais naricas e menos macho, como disseram alguns...
Com as energias totalmente recuperadas e pronta para o que vier!
;)

Mas até que foi bom!!! Tive até comentários em posts antigos!! hehe
Mas estou cheia de textos, pensamentos, idéias para imortalizar...
Eeeeeee!!!!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Dois mundos

"Ele queria dizer que a amava tanto, que queria casar com ela e tê-la para sempre no castelo, que a cobriria de roupas e jóias, que chamaria o melhor feiticeiro do reino para fazê-la virar toda mulher.
Ela queria dizer que o amava tanto, que queria casar com ele e levá-lo para a floresta, que o ensinaria a gostar dos pássaros e das flores e que pediria à Rainha das Corças para dar-lhe quatro patas ágeis e um belo pêlo castanho."

(Conto Entre as folhas do verde O, Marina Colasanti)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Quincas Borba

Aleluia!!!
Terminei de ler Memórias de um Sargento de Milícias!!!

Bah. Pra falar a verdade, eu não gostei não. É bem o tipo de literatura pra passar o tempo, mesmo. Pouca coisa conseguiu acrescentar ele na minha vida... Nenhum fragmento interessante eu consegui capturar!!!
=/

Enfim, estou lendo agora Quincas Borba, do Machadão.
(Estou adorando a teoria do Humanitas, vamos ver se continua assim até o final do livro!)

Alguns fragmentos:

"O dono da sege estava no adro, e tinha fome, muita fome, porque era tarde, e almoçara cedo e pouco. Dali pôde ele fazer sinal ao cocheiro; este fustigou as mulas para ir buscar o patrão. a sege, no meio do caminho achou um obstáculo e derribou-o; esse obstáculo era minha avó. O primeiro ato dessa série de atos foi um movimento de conservação; Humanitas tinha fome. Se em vez de minha avó, fosse um rato ou um cão, é certo que minha avó não morreria, mas o fato era o mesmo; Humanitas precisa comer. Se em vez de um rato ou um cão, fosse um poeta, Byron ou Gonçalves Dias, diferia o caso no sentido de dar a matéria a muitos necrológios; mas o fundo subsistia. O universo ainda não parou por lhe faltarem alguns poemas mortos em flor ma cabeça de um varão ilustre ou obscuro, mas Humanitas (e isto importa, antes de tudo), Humanitas precisa comer."

"Eterna e bela, belamente eterna, como este mundo divino e supradivino."

"Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão."

sábado, 16 de agosto de 2008

Uma pedra no caminho pode alterar o caminho da existência?

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Eu estava pensando, acho que eu devia morar em uma biblioteca!
Sério!
Sábado eu fui na feira do livro; eu podia ter ficado o dia inteiro lá, o mês inteiro, a vida inteira!!! Mas é claro que tinha que ter um café do lado né... Aí as pessoas iam me visitar, me contavam as novidades (para eu não perder contato com o mundo real), a gente tomava um café, discutia poesia, literatura, e depois eu voltava para o meu "infinito particular"...
Nooooossa, seria perfeito se assim fosse!!!
;)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Passagem da Noite (Drummond)

É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim, no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte,
é noite de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.
Mas salve, olhar de alegria!
E salve, dia que surge!
Os corpos saltam do sono,
o mundo se recompõe.
Que gozo na bicicleta!
Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão.
Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!
Saber que ainda há florestas,
sinos, palavras;
que a terra prossegue seu giro,
e o tempo não murchou;
não nos diluímos!
Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Próximo Blog

Adoro fuçar em blogs alheios!!!
Amo aquele link próximo blog que tem ali encima da página!!! É possível encontrar cada coisa interessante...

Este blog eu encontrei ali - e adorei. Ponto.

http://lucmartini.blogspot.com/2008/08/em-reverncia-tantas-dores-hoje-eu.html

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Fragmentos

Eu adoro física.
E eu adoro comparar leis físicas com leis humanas.

Atrito é a resistência natural que uma superfície faz contrária ao movimento de um corpo sobre aquela superfície. Ele acontece porque toda superfície é composta de matéria, e toda matéria é composta de átomos, e os átomos não estão dispostos em um único plano (matematicamente falando). Na superfície da superfície (:D) existem rugosidades (deformações existendes devido à disposição dos átomos) e são estas rugosidades que proporcionam o atrito (o que é incômodo, em certos casos, mas que, se não existisse, a vida na Terra seria um pouquinho mais complicada...).

Todo corpo em movimento tente a ficar em movimento, e todo corpo em repouso tende a ficar em repouso.
É a lei da Inércia.

Existem dois tipos de atrito: estático e dinâmico.
Atrito estático é a resistência que a superfície exerce sobre um corpo para tirá-lo do repouso e colocá-lo em movimento; isto é, tirá-lo do estado de inércia.
Atrito dinâmico é a resistência que existe contrária ao corpo quando ele já está em movimento.

Como tudo tende a ficar do jeito que está, o valor do atrito estático para determinada superfície sempre vai ser maior do que o atrito dinâmico para a mesma superfície - o sistema quer continuar naquele estado de inércia. Só que, uma vez colocado um corpo em movimento, fica muito mais fácil deixá-lo em movimento; mais uma vez o sistema quer continuar do jeito que está.

Quando eu era pequena, eu queria ser escritora. Eu adorava ler, minha imaginação viajava, e eu queria contar as histórias que eu tinha na minha imaginação para todo mundo.
Só que eu cresci, e acabei ficando na inércia. Havia tantas forças contrárias ao meu desejo de ser escritora que eu acabei me esquecendo deste sonho.
Me encantei pela matemática, me encantei pela física, me encantei pela filosofia.
Mas eu nunca deixei de imaginar, de viajar.

Às vezes eu deitava no sofá de casa e fechava os olhos. Minha mãe, minha irmã, meu irmão, todo mundo falava pra eu ir dormir na cama. Então eu respondia que eu não estava dormindo, que estava pensando. No começo eles riam, depois de um tempo eles começaram a ficar bravos, até que virou um chavão.
(até hoje, quando eu estou com eles, eles citam este "estou pensando")
Mas era verdade; eu fechava os olhos e começava a viajar. Eu criava mil histórias diferentes em minha cabeça, uma mais impossível do que a outra.
(ok, eu admito que ÀS VEZES eu acabava dormindo - mas mesmo assim não se pode dizer que era perda de tempo, pois eu sempre sonhava quando eu dormia ;D)

Só que eu nunca gostava das minhas obras quando eu passava elas para o papel. Na minha cabeça as histórias eram muito mais legais, faziam muito mais sentido; já no papel, não.

No começo eu escrevia as minhas histórias e mostrava para as todo mundo.
Depois eu parei de mostrar para as pessoas; apenas escrevia e guardava, escondido, para mim mesma (com aquela vã esperança de que algum dia aquilo fizesse, talvez, sentido).
E então chegou o dia em que eu nem escrevia mais.

E a vida continuou.

Este ano eu tive que voltar a escrever, por causa do vestibular.
Depois de anos eu me vi tendo que passar para o papel aquilo que eu tinha na minha cabeça.
E junto veio, muito mais forte que dantes, esta vontade de escrever, escrever, escrever.
E aconteceu de um texto meu ser publicado jornal do colégio (quem quiser pode dizer: ''Ah, jornal do colégio! Que podre!'', mas para mim foi uma sensação maravilhosa).
E a vontade triplicou.

E então eu criei este blog.
Se não desse certo, era só eu não mostrar pra ninguém, ninguém ia saber. Eu ia deletá-lo e pronto.
Mas eu gostei de tê-lo.

E o nome dele é Fragmentos porque eu não estou confiante o suficiente para colocar apenas coisas que eu escrevo aqui, mas sim coisas que outras pessoas escreveram.
Ou não estava.

Mas quer saber?
Acho que eu já superei a fase do atrito estático.

Moacyr Scliar

Está rolando até dia 10 aqui em Foz a Feira Internacional do Livro.

Ontem teve, neste evento, um bate papo com o Moacyr Scliar. Pra quem nunca ouviu falar dele, ele natural de Porto Alegre; médico e professor; membro da Academia Brasileira de Letras; escreve crônicas, romances, contos; possui mais de 80 livros publicados; possui um espaço toda segunda feira na Folha de São Paulo (se não me engano).

Mas o mais incrível é que tudo isso não é ele. Ele não se porta como um Professor Doutor Imortal Fodástico Senhor Arrogante.
Ele se porta como um simples ser humano.
Simples. E humano.

Eu fiquei encantada! O bate papo que rolou com ele foi show!
O "cara" é muito divertido, super gente boa; ele conversa com nós - reles "mortais"- como se estivéssemos em um bar, tomando umas.
Adorei ele! Virei fã!

(Ok, eu preciso confessar. Até ontem eu não tinha lido nenhuma obra dele - o que é compreensível, pois eu li poucas obras brasileiras. Defeito meu, eu sei, estou tentando corrigir.)

domingo, 3 de agosto de 2008

Theo Jansen

“Parte de mim é um engenheiro que quer resolver o problema da mobilidade, outra parte de mim é um artista que esculpe o ar à sua volta”.

Eu gosto dos holandeses.
Em 2005 eu fui em um barzinho em Curitiba e vi um painel com um desenho muito interessante; uma cascata que alimentava a si mesma.
É claro que este desenho é impossível em três dimensões, e é aí que está a graça de Maurits Cornelis Escher, xilógrafo. E holandês.
Mas eu não quero falar do Escher. Outro dia eu deixo um post aqui pra ele, inclusive com a xilografia da tal cascata.

Hoje eu estava com uma puta preguiça de estudar, então fiquei olhando alguns sites interessantes. Eu encontrei um muito show, que fala sobre artes e talz. Então eu me deparei com Theo Jansen. E a Holanda subiu no meu conceito. :)

A citação que está ali encima é dele.
Eu estava olhando uns vídeos no youtube e me peguei de boca aberta. Muito muito muito muito muito muito bom!
Máquinas andando nas areias da praia, ao sabor do vento. Incrível!
Não há palavras para descrever a sensação ao vê-las! É algo novo, inimaginável! É algo que merece todas as atenções do mundo!
Bah, não adianta ficar eu aqui babando. Entre no link e veja. E sinta. E ame.

E se você encontrar palavras, por favor, me avise.

http://www.youtube.com/watch?v=WcR7U2tuNoY

sábado, 2 de agosto de 2008

E foi dada a largada!

Começou a temporada de inscrições dos principais vestibulares!
Eeeeeee!!!!!
Ontem foi aberta as inscrições do ITA, dia 04 abrem as inscrições da USP e dia 17 UFPR. A Unioeste só em outubro, mas como bate com a data de vestiba da USP eu nem vou fazer. UEM, só em setembro.

Encontrei um site muito bom para vestibulandos; matéria muito interessante esta sobre a redação do vestibular:
http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=14581

Festa

"Fabiano marchava teso.
Os dois meninos espiavam os lampiões e adivinhavam casos extraordinários. Não sentiam curiosidade, sentiam medo, e por isso pisavam devagar, receando chamar a atenção das pessoas. Supunham que existiam mundos diferentes da fazenda, mundos maravilhosos na serra azulada.Aquilo, porém, era esquisito. Como podia haver tantas casas e tanta gente?
(...)
Livre da necessidade, (sinha Vitória) viu com interesse o formigueiro que circulava na praça, a mesa do leilão, as listas luminosas dps foguetes. Realmente a vida não era má. Pensou com um arrepio na seca, na viagem medonha que fizera em caminhos abrasados, vendo ossos e garranchos. Afastou a lembrança ruim, atentou naquelas belezas. O burburinho da multidão era era doce, o realejo fanhoso dos cavalinhos não descansava. Para a vida ser boa, só falta à sinha Vitória uma cama igual à de seu Tomás da bolandeira. Suspirou, pensando na cama de varas em que dormia. Ficou ali de cócoras, cachimbando, os olhos e os ouvidos muito abertos para não perder a festa.
(...)
(Baleia) Achava é que perdiam tempo num lugar esquisito, cheio de odores desconhecidos. Quis latir, expressar oposição a tudo aquilo, mas percebeu que não convenceria ninguém e encolheu-se, baixou a cauda, resignou-se ao capricho de seus donos.
A opinião dos meninos assemelhava-se à dela. Agora olhavam as lojas, as toldas, as mesas do leilão. E conferenciavam pasmados. Tinham percebido que haviam muitas pessoas no mundo. Ocupavam-se em descobrir uma enorme quantidade de objetos. Comunicaram baixinho um ao outro as surpresas que os enchiam. Impossível imaginar tantas maravilhas juntas. O menino mais novo teve uma dúvida e apresentou-a timidamente ao irmão. Seria que aquilo tinha sido feito por gente? O menino mais velho hesitou, espiou as lojas, as toldas iluminadas, as moças bem vistidas. Encolheu os ombros. Talvez aquilo tivesse sido feito por gente. Nova dificuldade chegou-lhe ao espírito, soprou-a no ouvido do irmão. Provavelmente aquelas coisas tinham nomes. O menino mais novo interrogou-o com os olhos. Sim, com certeza as preciosidades que se exibiam nos altares da igreja e nas prateleiras das lojas tinham nomes. Puseram-se a discutir a questão intrincada. Como podiam os homens guardar tantas palavras? Era impossível, ninguém conservaria tão grande soma de conhecimentos. Livres de nomes, as coisas ficavam distantes, misteriosas. Não tinham sido feitas por gente. E os indivíduos que mexiam nelas cometiam imprudências. Vistas de longe, eram bonitas. Admirados e medrosos, falavam baixo para não desencadear as forças estranhas que elas por ventura encerrassem."

(Vidas Secas)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Como construir uma bomba atômica

http://www.inovacaotecnologica.com.br/index.php

Muito útil!

TOC




Ontem eu fui na aula de Sociologia - a primeira foi semana passada, mas eu perdi... =/

Duas coisas que eu odeio: não começar as coisas pelo início e perder qualquer parte da sua seqüência, nem que seja três segundos!
Filme, por exemplo: eu tenho que ver tudo, desde aquelas apresentações do leão e da deusa segurando a tocha, se não eu prefiro nem assistir. E nem que seja para ler uma mensagem no telefone, eu tenho que dar pause. Não sei porque, é meio psicológico, parece que eu não vou conseguir entender o filme depois. Coisa de gente estranha mesmo...
Mesma coisa com as aulas. Bah!, eu não posso perder uma, se não eu já perco o fio da meada e não entendo mais nada do assunto. E não é ápenas assistir as aulas; eu tenho que entender o assunto, se não já era. Acho que é por isso que eu tenho tanta dificuldade em entender a História (além da minha péssima memória); eu não consigo compreender bem a História antiga e daí já nem tento realmente entender o "resto"...

Outro dia eu estava na biblioteca conversando com a Aline (a bibliotecária). A gente estava falando sobre TOC (Transtorno Obssessivo Compulsivo). Ela falou que existem pessoas que desenvolvem determinado TOC apenas em algum período da vida, e outras que desenvolvem o mesmo durante toda a vida, que chega ou não a ser um vício. Existem uns bem esquisitos - por exemplo uma garota que não conseguia ler um livro sem contar as palavras dele. Quando ela perdia a conta, tinha que voltar atrás e começar tudo de novo. Só que ela sempre perdia a conta, e nunca conseguia terminar livro nenhum. Ou pessoas que ficam somando os números nas ruas (placas de carro, números de imóveis, etc.). Mas existem outros mais normais e menos malignos.

Eu não sei se chega a ser TOC, mas eu tenho uma mania por coisas metódicas.

Eu lembro quando eu morava sozinha com a minha mãe na Bahia; eu era viciada em fazer listas! (mamãe que o diga!) Para tudo o que eu ia fazer eu tinha que fazer uma lista, classicar tópicos e sub-tópicos, passar a limpo em ordem alfabética ou de prioridades. Incrível!
Quando eu cheguei em Curitiba, no começo eu ainda fazia listas para tudo, mas depois que eu comecei a trabalhar na C&A eu nem tinha mais tempo de fazer nada, e isto passou.

Mas este negócio de organizar tudo em tópicos & cia existe faz tempo. Meus cadernos têm que estar sempre assim, organizadinho, se não eu não entendo mais nada. Por exemplo a imagem que está aí encima. É da matéria de Geografia do Brasil, do cursinho.
Tudo tem que estar organizado: Os tópicos em asterisco (de mesma cor!); o título em cor diferente e centralizado; os sub-tópicos em flechas da mesma cor e com o mesmo espaçamento da margem; as cores da caneta tem que ser iguais em partes iguais de tópicos diferentes...

E eu sou metódica em muito mais coisas: para lavar a louça eu tenho primeiro que fazer uma pilha de pratos, juntar os copos no mesmo lugar, separar os talheres de um lado, panelas do outro... Então eu tenho que lavar primeiro os pratos, ou talheres; a ordem não importa, desde que eu lave primeiro todos os itens de uma especificação qualquer. E tenho que colocar organizado no negócio (que eu esqueci o nome) de secar a louça. Os talheres tem que ser do mesmo jeito, como se fossem sub-tópicos: primeiro as facas, depois garfos, etc. E se não for assim eu me sinto mal, incomodada, como se estivesse faltando alguma coisa...

Para fazer um bolo eu tenho que primeiro ter a receita em mãos, separar todos os ingredientes já na quantidade certa, untar a fôrma, ligar o forno, e só então começar a fazer o bolo em si. As vozes na minha cabeça (huawheuehwauheui) me dizem que se não for assim, não vai dar certo o bolo. E pra cozinhar outra coisa qualquer é a mesma coisa: separa e prepara todos os ingredientes primeiro, depois os utensílios que eu vou usar, e só então eu começo a cozinhar.

Quando eu vou estudar eu tenho que primeiro colocar todos os cadernos de um lado na mesa, separar as canetas que eu vou usar, deixar o celular e o MP3 por perto (mesmo que não vá usar), deixar o telefone no lado, verificar se tudo o que eu vou precisar está ali, e só então começar a estudar.
Tudo tem que ter fases, tópicos, introduções; se não for deste jeito parece que não vai dar certo no fim.

Esquisito?
Eu sei. Muito.
:)

quinta-feira, 31 de julho de 2008

A Cama

"Sinha Vitória desejava possuir uma cama igual à de seu Tomás de bolandeira. Doidice. Não dizia nada para não contrariá-la, mas sabia que era doidice. Cambebes podem ter luxo?"

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Uma cama, meu.
Uma cama...
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(Cama Ama Alma Calma Karma)
Tudo Bem II (Extromodos)

Ali embaixo da ponte mora o frio
O medo mora lá também
Quem não tá lá já vive bem
Quem não tá lá nunca sentiu

O carro passa, o homem passa,
A chuva passa e a gente fica
Pra que chorar? Temos a ponte
Tem muita gente que tá pior
Temos a vida, temos o craque
É uma viagem, é bem melhor

Saia pra rua, traga o sustento
Quero do bom, quero alimento
Se não tiver, traga uma pedra
Já dá pra encher minha cabeça
Vamos comer o pensamento
Vamos comer não se esqueça

Cabeça cheia, cheia de vento
E na barriga nem isso tem
Eu tô na boa, eu tô tranqüilo
Vamos morrendo, tá tudo bem...

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=/

Vidas Secas

Como eu já tinha comentado antes, eu vou começar a me focar mais e mais no vestibular, e vou tentar ler apenas literatura brasileira, deixar Kundera de lado...
Agora eu estou lendo Vidas Secas. Para mim é um momento especial cada vez que eu começo a ler um livro, mas este particularmente é SHUMP Especial!!!
Faz muito tempo que eu anseio por lê-lo, desde quando eu tinha 17 anos. Nesta época eu estava morando em Itaparica (BA) e fazia o terceirão. Meu professor de Português começou então a fazer um trabalho sobre os livros que iriam cair nos vestibulares da UFBA, UCSal e UNEB; e Vidas Secas estava entre eles.
O meu amigo que apresentou o trabalho sobre este livro o fez com tanta paixão, foi tão emocionante para mim, tão cativante, que eu também fiquei apaixonada pela história, morrendo de vontade de lê-la, saboreá-la em cada palavra!
Só que eu não consegui obtê-lo, e eu acabei me conformando e adiando a minha leitura...
Então eu passei no vestibular, fui pra Curitiba, e era tanta coisa nova, tanta coisa que eu tinha que me preocupar que eu acabei esquecendo-me dele... E eis que agora ele retorna à minha vida!
:)
Não o terminei ainda; estou curtindo ao máximo cada segundo que eu gasto com ele, mas eis aqui alguns fragmentos para imortalizar:

"Num cotovelo do caminho avistou um canto de cerca, encheu-o a espeança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar força.
(...)
Nesse ponto Baleia arrebitou as orelhas, arregaçou as ventas, sentiu o cheiro de preás, farejou um minuto, localizou-os no morro próximo e saiu correndo.
Fabiano seguiu-a com a vista e espantou-se: uma sombra passava por cima do monte. Tocou o braço da mulher, apontou o céu, ficaram os dois algum tempo aguentando a claridade do sol. Enxugaram as lágrimas, foram agachar-se perto dos filhos, suspirando, conservaram-se encolhidos, temendo que a nuvem se tivesse desfeito, vencida pelo azul terrível, aquele azul que deslumbrava e endoidecia a gente."

"Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha.
- Está aí.
Se aprendessem qualquer coisa, necessitaria aprender mais, e nunca ficaria satisfeito."

"Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravetou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, pocou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar regalado.
- Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era um homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terras alheias, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgáva-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
- Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer as dificuldades.
Chegara naquela situação medonha - e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.
- Um bicho, Fabiano."

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O homenzinho do narigão verde

"Ela pediu o menu mais simples e notou um boneco colocado no meio da mesa. Era um homenzinho de borracha, um boneco de propaganda. O homenzinho tinha o corpo grande, as pernas curtas e um nariz verde monstruoso que lhe descia até o umbigo. (...)
Imaginou que se dava vida ao homenzinho. Uma vez dotado de alma, sem dúvida ele sentiria uma viva dor se alguém, como Agnes fazia naquele momento, se divertisse em torcer seu nariz verde e emborrachado. Logo nasceria nele o medo dos homens, pois todo mundo iria apertar esse nariz ridículo, e a vida do homenzinho não seria senão medo e sofrimento.
(...) Um dia, alguém lhe estenderia um espelho e desde então iria desejar esconder seu rosto entre as mãos, porque sentiria uma terrível vergonha diante das pessoas. (...)
Agnes pensava: é curioso imaginar que o homenzinho sentiria vergonha? Será ele responsável por seu nariz verde? Ao contrário, não levantaria os ombros com indiferença? Não, não levantaria os ombros. Teria vergonha. Quando o homem descobre pela primeira vez seu físico, não é nem indiferença nem raiva que sente em primeiro lugar e com maior intensidade, mas a vergonha, uma vergonha fundamental que, com altos e baixos, mesmo atenuada pelo tempo, o acompanhará a vida inteira.
(...) A vergonha não tem por fundamento um erro que cometemos, mas a humilhação que sentimos em ser o que somos sem o termos escolhido, e a sensação insuportável de que essa humilhação é evidente para todos.
Nada de espantoso se o homenzinho de narigão verde tem vergonha de seu rosto. Mas então o que dizer do pai de Agnes? Ele era bonito!
Sim, era. Mas o que é a beleza do ponto de vista matemático? Existe a beleza quando um exemplar é tão semelhante quanto possível ao protótipo original. Imaginemos que tenhamos posto no computador as dimensões mínimas e máximas de todas as partes do corpo: entre três e sete centímetros de comprimento o nariz, entre três e oito de altura de testa, e assim por diante. É feio o homem cuja testa mede seis centímetros e o nariz apenas três. Feiúra: caprichosa poesia do acaso. Num homem bonito, o jogo dos acasos escolheu uma média de todas as medidas. Beleza: prosaismo da média exata. Na beleza, mais ainda que na feiúra, manisfesta-se o caráter não-individual, não-pessoal do rosto. Em seu rosto, o homem bonito vê o projeto técnico original, tal qual o desenhou o autor do protótipo, e ele tem dificuldade em acreditar que aquilo que vê seja inimitável. De modo que sente vergonha, exatamente como o homenzinho do nariz verde.
Quando seu pai estava agonizante, Agnes ficou sentada ao lado da cama. Antes de entrar na fase final da agonia ele lhe disse:
- Não me olhe mais, e foram as últimas palavras que ouviu dele, sua última mensagem.
Ela obedeceu; inclinando a cabeça para o chão, fechando os olhos, só segurou sua mão e apertou-a; deixou que partisse, lentamente e sem ser visto, para o mundo onde não existem rostos."

(Fragmento de A Imortalidade)

Imagologia

"... Há mais ou menos cem anos, na Rússia, os marxistas perseguidos formaram pequenos círculos clandestinos em que estudavam em conjunto o Manifesto de Marx; simplificaram o conteúdo dessa ideologia para difundi-la em outros círculos cujos membros, simplificando por sua vez esa simplificação do simples, a transmitiram e propagaram até o momento em que o marxismo, conhecido e poderoso em todo o planeta, viu-se reduzido a uma coleção de seis ou sete slogans tão precariamente ligados entre si, que dificilmente podemos considerá-lo como ideologia. E como tudo que ficou de Marx não forma mais nenhum sistema lógico de idéias, mas apenas uma seqüência de imagens e emblemas sugestivos (o operário que sorri segurando seu martelo, o branco estendendo a mão ao amarelo e ao negro, a pomba da paz voando, etc.), podemos justificadamente falar de uma transformação progressiva, geral e planetária da ideologia em imagologia.
(...)
... nos últimos decênios, a imagologia alcançou uma vitória histórica sobre a ideologia.
Todas as ideologias foram derrotadas: seus dogmas acabaram sendo desmascarados como ilusões e as pessoas deixaram de levá-las a sério. Por exemplo, os comunistas acreditaram que a evolução do capitalismo iria empobrecer cada vez mais o proletariado: um dia, ao descobrir que todos os trabalhadores da Europa iam de carro para o trabalho, tiveram vontade de gritar que tinham sido enganados pela realidade. A realidade era mais forte do que a imagologia. E é precisamente nesse sentido que a imagologia a ultrapassou: a imagologia é mais forte do que a realidade... (...) Em Paris, meu vizinho de andar passa a maior parte do seu tempo sentado em seu escritório diante de um outro empregado, depois volta para casa, liga a televisão para saber o que acontece no mundo, e quando o apresentador, comentando a última sondagem informa que para a maioria dos franceses a França é a campeã da Europa em matéria de segurança (li, recentemente, essa sondagem), louco de alegria, abre uma garrafa de champanha e nunca saberá que no mesmo dia, na mesma rua em que mora, foram cometidos três assaltos e dois assassinatos."

(Fragmento de A Imortalidade)

A unicidade do Eu

"Em nosso mundo, em que aparecem cada dia mais e mais fisionomias que se parecem cada vez mais e mais, não é tarefa fácil para o homem querer continuar a originalidade do seu eu e conseguir convencer-se de sua inimitável unicidade. Há dois métodos para cultivar a unicidade do seu eu: o método aditivo e o método subtrativo. Agnes subtrai de seu eu tudo que é exterior e emprestado, para, desta forma, aproximar-se de sua essência pura (correndo o risco de chegar a zero com essas subtrações sucessivas). O método de Laura é exatamente inverso: para tornar seu eu mais visível, mais fácil de ser apreendido, para dar-lhe mais consistência, ela acrescenta-lhe sem cessar novos atributos, aos quais tenta se identificar (correndo o risco de perder a essência do eu sob esses atributos adicionados).
(...)
O método aditivo é inteiramente agradável se acrescentarmos ao eu um cachorro, uma gata, um assado de porco, o amor do oceano ou as duchas frias. As coisas tornam-se menos idílicas se decidimos acrescentar ao eu a paixão pelo comunismo, pela pátria, por Mussolini, pela Igreja Católica, pelo ateísmo, pelo fascismo ou pelo anti-fascismo. Nos dois casos, o método continua exatamente o mesmo: aquele que defende insistentemente a superioridade dos gatos sobre os outros animais faz, em essência, a mesma coisa que proclama Mussolini o único salvador da Itália: ele apregoa um atributo do seu eu e empenha-se totalmente para que esse atributo (um gato ou Mussolini) seja reconhecido e amado por todos que o cercam.
Esse é o estranho paradoxo de que são vítimas todos aqueles que recorrem ao método aditivo para cultivar seu eu: esforçam-se em adicionar para criar um eu inimitavelmente único, mas tornando-se ao mesmo tempo os propagandistas desses atributos adicionados, fazem tudo para que o maior número de pessoas se pareçam com eles; e então a unicidade do seu eu (tão trabalhosamente conquistado) logo desaparece."

""

(Fragmento de A Imortalidade)

domingo, 27 de julho de 2008

Por favor, cativa-me!

"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho. Após uma reflexão, acrescentou: - O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" .

(Fragmento de O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry)

.
.
.

Eu gosto muito deste livro, O Pequeno Príncipe. Eu lembro que eu li ele quando eu era muito novinha... E eu voltei a lê-lo alguns anos atrás. O livro é singelo, ingênuo, e é isto o que eu mais gosto nele.
Este trecho é um dos mais belos do livro, mas também é um dos que mais me pesam... "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"...
Será?
...
Eu penso muito a respeito disto; para mim, esta pergunta pertence à categoria de perguntas que não devem ser feitas, pois sua resposta machuca, seja ela qual for.

sábado, 26 de julho de 2008

Retrato - Cecília Meirelles

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo

Eu não tinha etas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida
a minha face?
.
.
.
Adoro esta poesia.
.
(Continuo me sentindo velha...)
.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Personagens

Eu estava pensando: se você pudesse se definir em um personagem - de um livro, filme, enfim - qual personagem você seria?
Pois é, eu sou meio esquisita mesmo; eu fico pensando nessas coisas estranhas... hehehe
Enfim, eu fiz essa pergunta uma vez para um amigo meu; ele pensou um pouco e me falou que ele era como Dom Quixote... Um outro me disse que seria como Hari Seldon, da trilogia Fundação (Asimov - Recomendo!).
Quem seria você?
...
(E quem sou eu?
Uma mistura de Mathieu com Jaromil...)

A Imortalidade, mais uma vez

Ainda lendo A Imortalidade, encontrei um fragmento que traduz meu pensamento em relações a várias coisas, inclusive em como eu me sinto quando leio um livro - principalmente se for do Kundera. Aliás, livro indescritível este, vou aproveitar o fim de semana e postar mais fragmentos dele aqui...

“- O que você está escrevendo exatamente?
- Não é reproduzível.
- Pena.
- Porque pena? É uma sorte. Hoje em dia as pessoas vão encima de tudo que foi escrito para transformar em filme, em drama de televisão ou em desenho animado. Já que o essencial no romance é aquilo que não pode ser dito senão por um romance, em toda adaptação só fica o que não é o essencial. Quem quer que seja suficientemente louco para hoje ainda escrever romances, deve, se quiser protegê-los com segurança, escrevê-los de maneira tal que não possam ser adaptados, em outras palavras, que não possam ser contados.
Ele não era dessa opinião:
- Posso contar a você com o maior prazer
Os três mosqueteiros de Alexandre Dumas, quando você quiser, de ponta a ponta!
- Sou como você, gosto de Alexandre Dumas, disse eu. No entanto lamento que quase todos os romances escritos até hoje obedeçam demais à regra da unidade de ação. Isto é, que estejam fundamentados apenas numa seqüência causal de ações e acontecimentos. Esses romances parecem uma rua estreita, ao longo da qual os personagens são perseguidos com chicotadas. A tensão dramática é a verdadeira maldição do romance, porque transforma tudo, mesmo as mais belas páginas, mesmo as cenas e as observações mais surpreendentes, numa simples etapa que leva ao desfecho final, onde se concentra o sentido de tudo que precede. Devorado pelo fogo de sua própria tensão, o romance se consome como um monte de palha.
- Escutando você, disse timidamente o professor Avenarius, tenho medo de que seu romance seja chato.
- Deve-se então considerar chato tudo que não é uma corrida frenética para o desenlace final? Ao saborear esta coxa de pato, será que você se chateia? Você se apressa para o final? Pelo contrário, você quer que o pato entre em você o mais lentamente possível e que seu sabor se eternize. O romance não deve ser parecido com uma corrida de bicicleta, mas sim com um banquete onde se servem muitos pratos. Espero com impaciência a sexta parte. Um novo personagem vai surgir no meu romance. E no fim dessa sexta parte ele desaparece como chegou, sem deixar traço. Ele não é a causa de nada e não produz nenhum efeito. É justamente o que me agrada. Será um romance num romance, e a história erótica mais triste que já escrevi. Até você ficará triste.
Avenarius guardou um silêncio embaraçado, depois me perguntou gentilmente:
- E qual será o título do seu romance?
- A insustentável leveza do ser.
- Mas esse título já está tomado.
- Sim. Por mim! Mas na época me enganei de título. Ele deveria pertencer ao romance que estou escrevendo agora.”

terça-feira, 22 de julho de 2008

Fragmento de A Imortalidade

"Não vá me dizer que dois homens em desacordo profundo podem se amar; são contos da carochinha. Talvez pudessem se amar se guardassem para eles próprios suas opiniões, não falando sobre isso a não ser em tom de brincadeira para diminuir a importância delas (foi assim que Paulo e Grizzly conversaram até agora). Mas depois que a briga estourou, foi tarde demais. Não que acreditassem tanto nas opiniões que defendiam, mas não suportavam não ter razão. Olhe os dois. Além de tudo, essa briga não vai mudar nada de nada, não chegará a nenhuma conclusão, não mudará a marcha dos acontecimentos, é completamente estéril, inútil, limitada ao perímetro dessa cantina e à sua atmosfera fétida, com a qual desaparecerá quando as faxineiras abrirem as janelas. No entanto, veja a concentração do pequeno grupo de ouvintes, apertados em volta da mesa! Todos escutam em silêncio, até esquecendo de tomar café. E os dois adversários se agarram a essa minúscula opinião pública, que vai designar ou um ou outro como o detentor da verdade: para cada um deles, ser designado como aquele que não a detém equivale a uma desonra. Ou a perder um pedaço do seu eu. Na realidade, pouco importa a eles a opinião que defendem. Mas como fizeram disso um atributo do seu eu, cada ataque a essa opinião é uma aguilhoada em suas carnes."

""
Uau! Quatro dias sem postar! Que recorde!
(A propósito, lê-se rê-cór-dê, e não ré-cór-dê, pois se fosse ré-cór-de seria uma proparoxítona e, portanto, seria acentuada - o que ela não é. Mania de estrangeirar tudo, viu! É como katchup. Todo mundo fala kétchup. Mas não é assim que devia se falar! Quer falar num ingrêis chik, fale kétchãp; ou então fale kátchup mesmo, ora bolas!)
Final de semana interessante, o último das férias.
Assisti Batman - O Cavaleiro das Trevas (dublado - argh!). Filme muito bom, cheio de ação e morte, como um filme massa tem que ser! hehehe
A performance do ator Heath Ledger, que faz o vilão Coringa, é um show à parte. Ele faz uns trejeitos com a boca, tem um jeito de andar, um olhar... Meu, tudo ficou ótimo! Eu não botava muita fé não, mas ele conseguiu superar o Coringa do primeiro filme do Batman, que foi interpretado por Jack Nicholson.
Enfim, assistam, vale a pena.

O que eu queria comentar é uma parte do filme muito interessante: tem uma hora que o coringa coloca explosivos em dois navios, e ele deixa o controle dos explosivos nos navios. Só que o detonador que está no navio A detona o navio B, e o detonador que está em posse dos ocupantes do B detona o navio A. Os dois navios estão cheios de gente. Os navios tem 15 minutos para explodir um ao outro; quem resolver explodir o outro primeiro se salva. MAS se nenhum se explodir, ele explodirá os dois ao término destes 15 minutos.
...
Bah! Que foda, hein?!?!!?
Isto me lembrou um teste que eu vi há muitos anos atrás em uma revista. Eu não lembro que teste é este, mas era o seguinte: dois ladrões são presos por um crime qualquer, e os dois são mantidos em celas separadas, e os depoimentos são também em separado. Se o preso 1 disser que o preso 2 é o culpado pelo crime, e o preso 2 não disser nada, o 1 é livre e o 2 pega 20 anos de prisão. Se, ao contrário, o preso 1 não disser nada e o preso 2 o acusar, o 2 é libertado e o 1 pega 20 anos de prisão. Caso os dois se acusem mutuamente, eles pegam 30 anos de prisão. Mas, se nenhum se acusar, a pena é de 10 anos de prisão.
Boa questão, essa, hein?
O que faria você, se você e alguém que você considere amigo fossem os personagens desta história?

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Dicas para mamãe :)

Para entrar no seu próprio blog, você pode ir em http://www.blogger.com/ , fazer seu login, e a partir daí mexer como quiser em seu blog.
OU
Você pode também colocar o endereço do blog alí encima, por exemplo http://confidentia-lu.blogspot.com/ , e se quiser fazer login, é só clicar no ícone login que está, provavelmente, no canto superior encima. Mas não precisa ser necessariamente no seu blog; até pelo meu você pode fazer login; o procedimento é o mesmo.
OU
Quando você faz um comentário em um blog, o seu nome, que é um tipo de título do cemoentário, vira um hiperlink para o seu perfil. No seu perfil há os hiperlinks para o seu blog, ou blogs, se você tiver mais de um. Então você pode clicar lá que você sai diretamente no seu blog!!!

EeEeEeEeEeEeEe!!!!!

Mas dê uma olhada nos meus sites, ok?
;P

quinta-feira, 17 de julho de 2008

A respeito da Verdade

Eu não estou muito afim de escrever um texto meu aqui, agora. Na verdade, eu estou morrendo de cansaço; finalmente consegui finalizar hoje os exercícios do livro de matemática; amanhã começo a estudar química. Aliás, me ocorreu outro dia que faltam menos de seis meses para o vestibular (!!!), então eu vou parar de ler tantas obras estrangeiras e me focar apenas no nacional.
Enfim; tô cansada, quero ir dormir, já são meia noite e 13. Vou colocar um poeminha bonitinho do Drummond aqui (aliás, Drummond cai no vestiba da USP) e amanhã eu comento, prometo.
Boa noite para todo mundo.
ps: Ah, sim! Tenho que treinar meu inglês para o vestibular, também, então vou postar de vez em quando algumas coisas em inglês... :)
(Mas já perdoem de antemão meus erros... hehehe)


Verdade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Telefone Amigo

(A primeira vez que eu li este texto foi em 2001, quando eu recém tinha chegado a Corbélia. Eu o tirei do site www.sorria.com.br, nem sei se ainda existe. Na primeira vez que eu li ele me emocionou pra caramba; toda vez que eu leio ele me toca... É bem difícil eu não chorar ao lê-lo.)



"Quando eu era criança, meu pai comprou um dos primeiros telefones da vizinhança. Lembro-me bem daquele velho aparelho preto, em forma de caixa, bem polido, afixado à parede. O receptor brilhante pendia ao lado da caixa.
Eu ainda era muito pequeno para alcançar o telefone, mas costumava ouvir e ver minha mãe enquanto ela o usava, e ficava fascinado com a cena! Então, descobri que em algum lugar dentro daquele maravilhoso aparelho existia uma pessoa maravilhosa, e o nome dela era "Informação, por favor", e não havia coisa alguma que ela não soubesse.
"Informação, por favor" poderia fornecer o número de qualquer pessoa e até a hora certa.
Minha primeira experiência pessoal com esse "gênio da lâmpada" aconteceu num dia em que minha mãe foi na casa de um vizinho. Divertindo-me bastante mexendo nas coisas da caixa de ferramentas no porão, machuquei meu polegar com um martelo.
A dor foi horrível, mas não parecia haver qualquer razão para chorar, porque eu estava sozinho em casa e não tinha ninguém para me consolar. Eu comecei a andar pelo porão, chupando meu dedão que pulsava de dor, chegando finalmente à escada e subindo-a.
Então, lembrei-me: o telefone!
Rapidamente peguei uma cadeira na sala de visitas e usei-a para alcançar o telefone. Desenganchei o receptor, segurei-o próximo ao ouvido como via minha mãe fazer e disse: "Informação, por favor!"
Alguns segundos depois, uma voz suave e bem clara falou ao meu ouvido: "Informação."
Então, choramingando, eu disse: "Eu machuquei o meu dedo..."
Agora que eu tinha platéia: as lágrimas começaram a rolar sobre o meu rosto.
"Sua mãe não está em casa?" , veio a pergunta.
"Ninguém está em casa a não ser eu...", falei chorando.
"Você está sangrando?" Ela perguntou.
"Não." Eu respondi. "Eu machuquei o meu dedão com o martelo e está doendo muito!"
Então a voz suave, do outro lado falou: "Você pode ir até a geladeira?"
Eu disse que sim.
Ela continuou, com muita calma: "Então, pegue uma pedra de gelo e fique segurando firme sobre o dedo."
E a coisa funcionou!
Depois do ocorrido, eu chamava "Informação, por favor" pra qualquer coisa.
Pedia ajuda nas tarefas de geografia da escola e ela me dizia onde Filadélfia se localizava no mapa.
Ajudava-me nas tarefas de matemática. Ela me orientou sobre qual tipo de comida eu poderia dar ao filhote de esquilo que peguei no parque para criar como bichinho de estimação.
Houve também o dia em que Petey, nosso canário de estimação, morreu.
Eu chamei "Informação, por favor" e contei-lhe a triste história. Ela ouviu atentamente, então falou-me palavras de conforto que os adultos costumam dizer para consolar uma criança.
Mas eu estava inconsolável naquele dia e perguntei-lhe: "Por que é que os passarinhos cantam de maneira tão bela, dão tanta alegria com sua beleza para tantas famílias e terminam suas vidas como um monte de penas numa gaiola?"
Ela deve ter sentido minha profunda tristeza e preocupação pelo fato de haver dito calmamente: "Paul, lembre-se sempre de que existem outros mundos onde se pode cantar!"
Não sei porquê, mas me senti bem melhor.
Numa outra ocasião, eu estava ao telefone: "Informação, por favor".
"Informação," disse a já familiar e suave voz.
"Como se soletra a palavra consertar?" perguntei.
Tudo isso aconteceu numa pequena cidade da costa oeste dos Estados Unidos. Quando eu estava com nove anos, nos mudamos para Boston, na costa leste. Eu senti muitas saudades de minha voz amiga!
"Informação, por favor" pertencia àquela caixa de madeira preta afixada na parede de nossa outra casa; e eu nunca pensei em tentar a mesma experiência com o novo telefone diferente que ficava sobre a mesa, na sala de nossa nova casa. Mesmo já na adolescência, as lembranças daquelas conversas de infância com aquela suave e atenciosa voz nunca saíram de minha cabeça.
Com certa freqüência, em momentos de dúvidas e perplexidade, eu me lembrava daquele sentimento sereno de segurança que me era transmitido pela voz amiga que gastou tanto tempo com um simples menininho.
Alguns anos mais tarde, quando eu viajava para a costa oeste a fim de iniciar meus estudos universitários, o avião pousou em Seattle, região onde eu morava quando criança, para que eu pegasse um outro e seguisse viagem. Eu tinha cerca de meia hora até que o outro avião decolasse.
Passei então uns 15 minutos ao telefone, conversando com minha irmã que na época estava morando lá. Então, sem pensar no que estava exatamente fazendo, eu disquei para a telefonista e disse: "Informação, por favor".
De um modo milagroso, eu ouvi a suave e clara voz que eu tão bem conhecia! "Informação."
Eu não havia planejado isso, mas ouvi a mim mesmo dizendo: "Você poderia me dizer como se soletra a palavra consertar?"
Houve uma longa pausa.
Então ouvi a tão suave e atenciosa voz responder: "Espero que seu dedo já esteja bem sarado agora!"
Eu ri satisfeito e disse: "Então, ainda é realmente você. Eu fico pensando se você tem a mínima idéia do quanto você significou para mim durante todo aquele tempo de minha infância!"
Ela disse: "E eu fico imaginando se você sabe o quanto foram importantes para mim as suas ligações!"
E continuou: "Eu nunca tive filhos e ficava aguardando ansiosamente por suas ligações."
Então, eu disse pra ela que muito freqüentemente eu pensava nela durante todos esses anos e perguntei-lhe se poderia telefonar para ela novamente quando eu fosse visitar minha irmã.
"Por favor, telefone sim! É só chamar por Sally".
Três meses depois voltei a Seattle.
Uma voz diferente atendeu: "Informação".
Eu perguntei por Sally. "Você é um amigo?" Ela perguntou.
"Sim, um velho amigo", respondi.
Ela disse: "Sinto muito em dizer-lhe isto, mas Sally esteve trabalhando só meio período nos últimos anos porque estava adoentada. Ela morreu há um mês."
Ainda perplexo e antes que eu desligasse ela disse: "Espere um pouco. Seu nome é Paul" "Sim", respondi.
"Bem, Sally deixou uma mensagem para você. Ela deixou escrita caso você ligasse. Deixe-me ler para você."
A mensagem dizia: "Diga pra ele que eu ainda continuo dizendo que existem outros mundos onde podemos cantar. Ele vai entender o que eu quero dizer".
Eu agradeci emocionado e muito tristemente desliguei o telefone.
Sim, eu sabia muito bem o que Sally queria dizer."

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A Ignorância

Uma coisa que eu não gosto é a ignorância.
Odeio.

Não a ignorância que surge pelo fato de não saber algo; eu seria hipócrita se assim fosse - é só ver o tanto de informação que existe no mundo, em qualquer área, em qualquer época da história, que se percebe que não há como saber tudo de tudo.
O que eu não gosto, o que eu não suporto, é aquela ignorância estúpida; aquela que provém da preguiça, da falta de vontade, do preconceito. É aquele tipo de ignorância arrogante, que acha que não há mais nada a saber sobre determinado assunto.
Por exemplo: Einstein.

É consenso geral que Einstein foi um gênio, isto pelo fato de ser ele o autor da Teoria da Relatividade - o que, na verdade, ele não é.
O conceito de Relatividade já existia em 1905, data que ele publicou o artigo. Na realidade, desde fins do séc XIX existia este conceito no meio acadêmico e científico. Einstein apenas "subiu nos ombros de gigantes" e deu uma de espertinho: foi lá, reuniu dados, finalizou, publicou o artigo, e BANG! ficou famoso. Por este feito ele deve ter o "apelido" de malandrão, não de gênio.
Mas ele foi brilhante em outras coisas, sim; o Efeito Fotoelétrico foi algo novo na época, mérito seu - e devemos lembrar que foi por isto que ganhou o Nobel em 1921. Ele tem seu mérito? Claro! Mas deixe claro o porquê deste mérito.

Outro gênio que eu posso citar aqui é Leonardo da Vinci. Ele foi um grande pintor, é verdade, mas eu não gosto quando apenas o conhecem pela Mona Lisa ou pela A Última Ceia.
Ele se destacou muito na pintura, é verdade; mas foi ainda um excelente anatomista, um brilhante engenheiro (projetou máquinas voadoras em pleno séc XV!!!), físico, botânico; n coisas. Não é à toa que ele é chamado de um homem à frente de seu tempo. Ele foi tudo isso, e só lembram dele por causa daquele livrinho polêmico que esteve no auge alguns anos atrás.
E isto tudo por comodidade; por aceitar tudo o que nos é enfiado garganta abaixo, agradecendo ainda por nos poupar até o trabalho de mastigar.

Eu mesma, por exemplo. Uma ignorante. Outro dia mesmo, estava lendo uma poesia parnasiana e adorei (tem um post antigo sobre isto) sem saber que era parnasiana; porque eu não ia muito com a cara do parnasianismo, e por isso nem quis me aprofundar mais no assunto. Puro preconceito. Ele veio e se instalou em mim, e eu, descuidada, deixei-o ficar.
(Mas tudo bem, já mandei a cartinha de despejo para ele.)
:)

terça-feira, 15 de julho de 2008

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Palavras, apenas, palavras, pequenas...

Uma coisa que eu adoro fazer é pegar um dicionário e começar a procurar palavras aleatórias; abrir o dicionário e ver qual palavra chama a minha atenção primeiro.
Ano passado eu fiz isso; abri em uma página e esta foi a primeira palavra que li:

Dipsomania: vontade mórbida e incontrolável ao consumo exagerado de bebida alcoolica.

O engraçado é que justo neste dia eu já tinha bebido umas caipirinhas... hehehe
Parece até que foi uma mensagem!!! ;P

Mas, enfim, eu acho mais interessante procurar pela definição de coisas que são de difícil definição. Por exemplo, as cores.
Como você define as cores?
Como dizer em palavras o que é o amarelo? E o azul, o vermelho?

Amarelo: da cor do ouro, da gema do ovo ou do açafrão;...

Azul: da cor do céu sem nuvens, cerúleo;...

Vermelho: que tem a cor do sangue, encarnado vivo; rubro, escarlate;...

Preto: diz-se do corpo que, absorvendo os raios luminosos, apresenta a cor mais escura;...

Branco: que tem a cor de neve ou de leite; pálido;...

E como é definida a cor?

Cor: impressão que as diferentes variedades de luz (diferentes comprimentos de onda de radiação electromagnética visível) produzem nos órgãos visuais;...

Tá, tudo bem, eu sei que isto é uma diversão um tanto quanto esquisita, mas ela é feita por e para gente esquisita, mesmo...

Prosseguindo; eu entrei na faculdade em 2005, e exatamente quando eu era caloura tinha um professor calouro também. A nossa turma era a primeira dele na faculdade, e ele ensinava para nós Fisica Básica I. Eu nunca esqueço da minha primeira aula desta matéria; ele começou conversando com a gente - o que eu vim a descobrir depois que isto é uma raridade no curso - e queria falar um pouco sobre a física em si. E falou para a gente pensar: Tempo, o que é o tempo? Como nós podemos definir o tempo? E espaço?
Eu lembro que eu fiquei viajando naquele dia.

Tempo: duração limitada, por oposição à ideia de eternidade; período; época; sucessão de anos, dias, horas, momentos, que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro; meio indefinido onde se desenrolam, irreversivelmente, as existências na sua mutação, os acontecimentos e os fenómenos na sua sucessão; certo período determinado em que decorre um facto ou vive uma personagem; duração;...

Espaço: extensão indefinida;... (esta é a melhor de todas!)

Tem muitas coisas interessantes para procurar em um dicionário.
Qualquer dia eu posto mais.


Fim. (termo; limite; remate; alvo, finalidade; intenção; morte.)
Café Pingado - Jacques Prévert


É terrível
O barulhinho de ovo quebrado contra o balcão de zinco
terrível esse barulho
quando ele se agita na memória do homem faminto
terrível também a cabeça do homem
a cabeça do homem que tem fome
quando se vê às seis da manhã
no espelho da grande loja
uma cabeça cor de poeira
mas não é a sua cabeça que ele vê
na vitrine da casa Fauchon
pouco lhe importa essa sua cabeça de homem
não pensa nela
sonha
imagina uma outra cabeça
cabeça de vitela por exemplo
com molho de vinagre
ou cabeça de qualquer coisa que se coma
e mexe lentamente o maxilar
lentamente
e trinca os dentes lentamente
pois o mundo se diverte à custa da sua cabeça
e ele nada pode contra o mundo
e conta com os dedos, um, dois, três
um, dois, três
três dias que não come
e já está cansado de repetir por três dias
As coisas não podem continuar assim
mas continuam
três dias
três noites
sem comer
e por detrás do vidro
patês garrafas conservas
peixes mortos protegidos pelas latas
latas protegidos pelo vidro
vidro protegidos pelos tiras
tiras protegidos pelo medo
quantas barricadas por seis sardinhas infelizes...
Mais adiante o bar e o restaurante
café com leite e pãezinhos quentes
o homem titubeia
e lá dentro de sua cabeça
um nevoeiro de palavras
um nevoeiro de palavras
sardinhas para comer
ovo cozido café com leite
café pingado rum
café com leite
café com leite
café com crime pingado sangue!...
Um homem muito estimado no bairro
cortaram a garganta dele em pleno dia
o assasino o vagabundo lhe roubou
dois francos
ou seja um café pingado
zero franco setenta centavos
dois pãezinhos com manteiga
e vinte e cinco centavos de troco a gorjeta do garçom
É terrível
o barulinho do ovo cozido contra o balcão de zinco
terrível esse barulho
quando se agita na memória do homem faminto.

...

;(

Eu quero!!!

http://noticias.terra.com.br/popular/interna/0,,OI1720887-EI1141,00.html

Como é possível???

domingo, 13 de julho de 2008

... e viva o Rock and Roll!!!

Hoje é o dia internacional do Rock and Roll!!!
Êêêêêêêê!!!!
Mas eu não quero falar sobre isso agora.


B/

Quero falar sobre algo que todo mundo odeia falar; algo que todo mundo prefere fingir que não existe.



.

O Bicho - Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
.
Língua dos cachorros - Extromodos
Eu falo a lingua dos cachorros
e eles não contam pra ninguém
Eu lato, bato, cato, mordo
e eles não contam pra ninguém
Outro dia eu saí pra passear
- Hey, seu moço, tudo anda muito mal
Como tudo que puder eu encontrar
Durmo embaixo de um pedaço de jornal
A rua embaixo tá fazendo muito frio
Aí em cima deve ser bem mais legal
Eu falo a lingua dos cachorros
e eles não contam pra ninguém
Eu lato, bato, um gato mordo
e eles não contam pra ninguém
Eu queria ter um braço como o seu
Eu só queria ter a chance de ir pro céu
Andar de carro toda hora que quiser
Fazer amigos, conhecer papai noel
Todo cachorro é dono de tanto segredo
Alfredo quer só ter os olhos como os seus
Sou um cachorro e a todo homem meto medo
Você devia ser tão dócil quanto eu
Eu falo a língua
Eu falo o que quiser também
Eu falo a língua
Eu falo o que quiser também
.
.


Uma amiga minha muito amada me falou uma vez que eu era diferente. Eu perguntei porque ela estava dizendo aquilo. Ela então me falou que era porque eu não fingia fechar os olhos. Porque eu percebia, e assumia, que a pobreza existe, que o preconceito existe, que a dor existe. Porque, diferentemente da maioria das outras pessoas, eu não sou indiferente às diferenças; porque uma parte do meu coração seca quando vejo uma criança pedindo dinheiro, ou alguém dormindo na rua, ou qualquer outra coisa que seja real. E ela falou que isto era importante; que isto fazia diferença.

Mentira.
Besteira.
Isso não diferença porra nenhuma.

O mundo continua como está; a vida continua sempre a mesma merda injusta.
E eu não sei o que eu posso fazer para modificá-lo, para torná-lo melhor. Sequer sei se isto é possível, se é compatível com o gênero humano.
Se o mundo é o que é, se a sociedade é o que é, é porque ela reflete o Homem. É um sistema caótico; o todo é apenas uma reprodução das pequenas partes. Você pode pegar uma fração deste todo, comparar com outra fração, e verá que sim, elas são diferentes. Mas se você pegar várias e várias frações, verá que cada uma é parte E representa o todo. São todas diferentes e iguais, ao mesmo tempo. A nossa sociedade é o que nós somos.

E isto fere a mim.
Faz a minha esperança desfalecer ao tic-tac do relógio.
Esperança de que possa haver uma justiça dor e felicidade, intrínseca em tudo. Que a dor das pessoas seja diretamente proporcional à felicidade que virá - porque só neste caso haverá justiça para o homem, se é que ela existe.